Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Festival Cine Favela entra em sua sétima edição apresentando filmes que foram produzidos principalmente nas periferias de São Paulo. Concebido por Reginaldo de Túlio e moradores da comunidade de Heliópolis, em 2004, como forma de capacitar e promover a inclusão de jovens por meio do cinema, o Cine Favela cresceu e agora quer fazer filmes que englobem todos os públicos.
“Conseguimos mudar nossa linguagem. Não é porque moramos na periferia que não sabemos fazer filme. Não estamos aqui para fazer filme sobre a periferia. Estamos aqui para trabalhar e produzir filmes (sobre diversos temas)”, explicou Reginaldo de Túlio, em entrevista à Agência Brasil.
O festival teve início no dia 20 de outubro e ocorre até 12 de novembro em diversas comunidades de São Paulo tais como Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Heliópolis, Grajaú e Brasilândia. Algumas unidades do Sesc, além de várias estações de metrô, também vão exibir as produções.
Além dos filmes concebidos nas periferias paulistanas, o festival também apresenta variedade de títulos produzidos por diretores consagrados, organizações não-governamentais, associações, coletivos e periferias de todo o Brasil. A produção feita na América Latina, que é o tema escolhido pelo festival este ano, também será apresentada durante o Cine Favela. “Há filmes de todos os lugares do Brasil, além (de produções) do Chile, da Argentina, do México, entre outros”, disse Túlio.
O festival é composto por várias mostras. A competitiva irá mostrar 14 curtas-metragens latinoamericanos, dez deles inéditos no país. O Panorama do Cinema Periférico Latinoamericano apresentará seis produções latinas. A Mostra Projetos trará filmes produzidos por instituições que usam o cinema como ferramenta de inclusão sociocultural. Há também o Cine Recreio, que levará o cinema para escolas públicas de Heliópolis, e o Cine Inclusão, que exibirá filmes em casas de refugiados e redes de reabilitação.
Neste ano, o festival fará uma homenagem especial ao cineasta brasileiro Evaldo Mocarzel, exibindo três longas-metragens que compõem a série À Margem de São Paulo e abordam a exclusão social.
Desde 2004, quando surgiu exibindo cerca de 12 filmes, o Cine Favela já mostrou mais de 400 títulos. Neste ano, 463 filmes foram inscritos no festival, 125 deles produzidos em São Paulo e 158 deles composto por títulos internacionais. Do total de filmes inscritos, 44 foram selecionados e serão exibidos. Além dos filmes, acontecem também oficinas de cinema, dedicadas à direção e roteiro. “Hoje fazemos parte da cultura e ajudamos na evolução do cinema nacional”, disse o idealizador do festival.
Edição: José Romildo