Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O número de mulheres assassinadas no Rio de Janeiro aumentou 1,3% em 2011, na comparação com o ano anterior, enquanto, no total da população, o número de homicídios tenha tido queda de 10,2%.
Do total de vítimas por homicídio doloso, aquele em que é caracterizada a intenção, 7,1% eram mulheres. A constatação é da sétima edição do Dossiê Mulher, divulgado hoje (14) pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP).
Na média mensal, 25 mulheres foram vítimas de homicídio doloso em 2011. Das 303 mulheres assassinadas no ano passado, 14,2% das vítimas eram ex-companheiras ou companheiras do provável autor do homicídio e 19,1% conheciam os acusados. “Grande parte desses homicídios se dão em situação de violência doméstica e familiar. A gente sabe que também existem mulheres envolvidas na criminalidade”, explicou a coordenadora da pesquisa, major Cláudia Moraes.
Segundo o diretor-presidente do ISP, coronel Paulo Teixeira, nos últimos anos, o número de mulheres envolvidas com atividades criminosas tem crescido de forma expressiva, o que pode ter relação com o aumento dos casos de homicídio. “Isso tem aparecido em algumas estatísticas e no aumento até da população carcerária, que é um problema para o Brasil contemporâneo. A entrada das mulheres na atividade criminosa também pode estar gerando esse tipo de crime”, disse ele, que ressaltou a necessidade de um estudo mais localizado e aprofundado para entender as dinâmicas que levaram a essas mortes e, assim, adotar as medidas adequadas.
O dossiê também fez um perfil das vítimas quanto à cor e ao estado civil. Em 2011, 47,5% das vítimas de homicídio doloso eram pardas, 27,1%, brancas e 18,5%, pretas. Ainda segundo os dados coletados, 32,7% eram solteiras.
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi o local com maior número de casos, com 25 mortes. Já em relação à maior taxa de vitimização entre a população feminina, destacou-se a região que engloba Paraíba do Sul, Comendador Levy Gasparian, Areal, Três Rios e Sapucaia, com 0,75 mulheres vítimas por grupo de 10 mil mulheres.
O número de notificações dos casos de lesão corporal dolosa também subiu 7,2% entre 2010 e 2011, mais 3.644 mulheres. Já os casos de ameaça contra mulheres aumentaram 8,6% de 2010 para 2011, com 54.253 notificações, 147 vítimas por dia. “Os casos de lesão corporal e ameaça são os crimes mais presentes na questão da violência doméstica e familiar. Cerca de 60% dos casos ocorreram em contexto doméstico e/ou familiar”, comentou Cláudia.
Em relação à tentativa de homicídio, foi constatado aumento de 2,3%. Do total das vítimas, 16% eram mulheres. O dossiê completo pode ser acessado no site do ISP.
Edição: Lana Cristina