Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O advogado Luís Maximiliano Mota, defensor da ex-assessora parlamentar Anita Leocádia, disse hoje (14) que as acusações do Ministério Público Federal (MPF) contra sua cliente são injustas. Anita é acusada de intermediar repasses de verbas do esquema do mensalão para o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA). De acordo com Mota, "mais de 100 pessoas" também sacaram dinheiro do mensalão e não foram citadas na ação penal.
No processo do mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Anita responde pelo crime de lavagem de dinheiro. Segundo o MPF, ela recebeu, entre junho de 2003 e 2004, a quantia de R$ 820 mil do publicitário Marcos Valério. Desse total, R$ 620 mil eram provenientes de cinco saques feitos em uma agência do Banco Rural, em Brasília. A defesa, porém, contesta esses dados do MPF e diz que, em vez de cinco, foram feitas apenas quatro operações
“Tem um erro na denúncia. Fala-se em cinco condutas, mas foram quatro saques que ela fez no Banco Rural. […] Mas isso não tem problema. Falaram na tribuna que quase 100 pessoas fizeram a mesma coisa [saques a mando de outras pessoas]”, argumentou o advogado.
De acordo com Mota, Anita não sabia da origem do dinheiro, ou seja, que os recursos vinham de empréstimos feitos pelo PT no Banco Rural. “Eu não sei se o contrato que o PT fez com o BMG e o Banco Rural era frio, era quente ou era gelado. Para Anita, também, não importa. Ela não sabia, ela não tinha esse conhecimento.”
Mota destacou ainda que a ex-assessora apenas cumpriu ordens do ex-deputado Paulo Rocha. Segundo ele, o dinheiro seria usado para o pagamento de dívidas de campanha. “A verdade é que Anita estava cumprindo uma ordem superior. Não tinha domínio do fato.”
Durante sua sustentação oral, o advogado citou ainda a ausência do ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal, no plenário do STF. No entanto, o ministro Marco Aurélio Melo esclareceu que Barbosa está acompanhando toda a sessão em uma sala separada, pois, por problemas de saúde, não pode ficar muito tempo sentado.
O advogado encerrou a sustentação oral citando trecho da música O Tempo Não Para, de Cazuza, para criticar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Senhor procurador-geral, a tua piscina está cheia de ratos, as tuas ideias não correspondem aos fatos.”
Edição: Lana Cristina