Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Este ano foram registrados dois acidentes e uma morte em parques de diversão no estado do Rio de Janeiro. Apesar de responsável apenas pela verificação do profissional capacitado para fazer o laudo e liberar os brinquedos para o público, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) também pode fazer vistorias se houver pedido ou em caso de dúvida sobre a atuação do profissional. Desde janeiro, oito estabelecimentos foram fiscalizados pelo Crea-RJ.
“Assim como o Conselho Regional de Medicina quer saber se o profissional que está fazendo a cirurgia é um médico, que em caso de falha responderá ao conselho por imperícia, o Crea não pode avaliar se o profissional é bom ou ruim. A gente quer que o parque tenha um profissional que vistorie e libere os brinquedos”, explica o engenheiro eletricista e de segurança do trabalho Luiz Cosenza, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) e da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa) do Crea-RJ
Em caso de acidente, o engenheiro que liberou o parque pode perder o registro e ser suspenso por ter assinado um laudo favorável para brinquedos que não estavam em condições de uso.
“Tem casos como o do Parque Glória Center (onde um acidente em agosto do ano passado deixou dois mortos, quando um carrinho se desprendeu e atingiu pessoas em solo), que o profissional dava o laudo sem nem ir ao local. Tem que ver se a madeira está boa, se a fibra não está rachada. Ele (o profissional) disse que ia lá e pedia para ligar o brinquedo. Se funcionava, era liberado. Não é isso que tem que fazer.”
Depois dos acidentes, o Crea-RJ percebeu que os proprietários de parques de diversão contratavam um engenheiro para fazer o laudo, mas não sabiam exatamento o que cobrar do profissional. “Então nós organizamos um curso com os profissionais, a Defesa Civil, os donos de parques, os secretários municipais e o Corpo de Bombeiros para mostrar como fazer um laudo e para explicar o que os responsáveis pela liberação do funcionamento tinham que ver neste laudo.” Foram dois cursos, em março e abril desde ano, com a participação de 120 pessoas em cada turma.
Cosenza comentou ainda que é muito difícil fiscalizar os parques itinerantes, que funcionam apenas no fim de semana. De acordo com ele, nesses casos é fundamental a presença de um engenheiro para acompanhar a montagem e também a desmontagem dos brinquedos. O ideal seria que os parques fossem obrigados a colocar uma placa com o laudo técnico da vistoria, informando quais brinquedos estão liberados.
Apesar de alguns acidentes registrados, Cosenza destacou que existem parques muito bons e que os pais não precisam ficar com medo de levar os filhos para se divertir. E, caso exista a suspeita de que algum brinquedo não apresenta segurança, a fiscalização do Crea-RJ pode ser acionada pelo telefone (21) 2179-2000.
A auxiliar de enfermagem Jacira Carvalhal Rabelo levava as filhas em um parque de diversões na Lagoa da Penha, na zona norte, e agora leva os netos. Ela diz que sempre observa as condições dos brinquedos.
“A gente repara para ver se está tudo bem. A gente fica com medo, ainda mais depois daquela tragédia no Hopi Hari (parque de diversão paulista, onde um acidente em fevereiro matou uma adolescente de 14 anos).” Jacira não sabia que qualquer pessoa pode acionar a fiscalização do Crea-RJ. Agora, diz que vai ligar se achar algum problema.
Edição: Andréa Quintiere