Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Embora a inadimplência tenha caído 5,68% em julho, conforme dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil, nos últimos cinco anos o endividamento dos brasileiros está crescendo a um ritmo de 20% ao ano, como avalia o professor de Varejo da Fundação Getulio Vargas, Daniel Plá.
Segundo o economista, a redução da inadimplência no mês passado, a segunda maior este ano (em março foi –11,95%), tem uma única razão. “Hoje, grande parte dos consumidores que surgiram nos últimos três anos é da nova classe média. E a nova classe média é boa pagadora. As pessoas de menor renda dão muito valor em manter o crédito e não querem ficar com o nome sujo. Já as pessoas de maior renda esgotaram praticamente a capacidade de endividamento e, quando estão inadimplentes, preferem discutir a dívida na Justiça.”
Daniel Plá disse que os bancos estão mais cautelosos na concessão de crédito. “Isso reduziu a inadimplência.” Segundo ele, o mesmo ocorre em relação a alguns consumidores. “Tem pessoas mais cautelosas, que não querem perder o seu crédito, nem ficar super endividadas. Isso também reduz (a inadimplência).”
Por outro lado, o economista destacou que os apelos do comércio são grandes e podem levar o consumidor a ficar endividado. Segundo ele, as pessoas devem ficar atentas, em especial às ofertas de eletroeletrônicos, cujos preços promocionais e aparentemente vantajosos têm uma duração limitada e podem embutir juros elevados. “O efeito é que os consumidores acabam se endividando porque as prestações não cabem no seu bolso.”
O economista disse, ainda, que outra razão para o aumento do endividamento é a compra de automóveis em muitas parcelas. “As prestações aumentam o endividamento e obrigam as famílias a não gastarem mais com outras coisas.”
Em julho as vendas do varejo apresentaram queda de 0,28% em comparação ao mesmo período de 2011. Para Daniel Plá, o “inconsciente coletivo está sendo afetado pela crise da Europa. As pessoas gastam mais quando estão otimistas. Quando elas têm medo de perder o emprego ou medo que o Brasil possa ser afetado por uma crise lá de fora, isso afeta o inconsciente coletivo. O próprio endividamento fez que houvesse uma redução no consumo. Está havendo um endividamento muito grande.”
Edição: Andréa Quintiere