Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas especiais
Rio de Janeiro – Mais de 12 horas de negociações hoje (18) na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e a crise financeira internacional é tida como uma das principais ameaças ao avanço pela busca por consenso para concluir o documento final da conferência. Os negociadores esperam fechar o texto até o final desta noite ou, no mais tardar, na madrugada de amanhã (19). A ideia é concluir o texto para ser entregue aos chefes de Estado e Governo, que se reúnem de 20 a 22 de junho.
Para alguns observadores do processo, o resultado final das negociações deverá ser um texto com uma linguagem clara, mas sem muitos detalhes, trazendo projeções para o futuro em áreas específicas. Segundo eles, ocorrerão poucos avanços em relação aos compromissos firmados há duas décadas, durante a Rio92.
No entanto, em decorrência das dificuldades internas alegadas por países desenvolvidos, negociadores dão como certo o adiamento dos itens referentes às responsabilidades comuns e diferenciadas das nações. Neles, a previsão era definir metas de desenvolvimento sustentável. A expectativa, no começo das negociações, era reafirmar os compromissos.
As responsabilidades das economias sobre os novos padrões de desenvolvimento esbarra, por exemplo, no formato em que se dará o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Por falta de consenso em torno da criação de um organismo autônomo da ONU para cuidar das questões ambientais, os negociadores acordaram em redesenhar o programa já existente.
Até o acordado fortalecimento do Pnuma sofre impactos da crise econômica mundial. Em lados opostos, o G77 (formado pelo Brasil e os demais países em desenvolvimento) pedem recursos adicionais para garantir maior fôlego ao programa.
Do outro lado, representantes das nações mais ricas ratificam que não dispõem de condições para o comprometimento na definição e planejamento mencionando cifras precisas. Os negociadores disseram que a disposição dos delegados de países desenvolvidos tem se limitado à prontificação de identificar possíveis fontes para esse financiamento.
No começo das negociações, a Comissão de Meio Ambiente da União Europeia indicou que pretendia reforçar a mensagem sobre o momento financeiro pessimista.“Se tiver que colocar dinheiro, vamos colocar”, disse o comissário de Meio Ambiente do bloco, Janez Potočnik, condicionando a disposição apenas a situações consideradas concretas e acertadas pelos europeus.
Segundo negociadores, entre as quatro paredes das salas do Pavilhão 3, do Riocentro, onde concentram-se os debates em torno do texto final da Rio+20, representantes europeus também resistem a tratar de cifras, assim como norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses. Mas, ao menos, europeus sinalizam com a predisposição em definir prazos.
Edição: Fábio Massalli