Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A água, um dos temas em debate na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), programada para junho, é um produto em processo de crescente escassez e de degradação – principalmente em consequência da poluição que atinge rios e mananciais em todo o mundo.
No Brasil, o estado do Rio começa a desenvolver um projeto de reuso industrial da água. A vazão total prevista para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), na região metropolitana da capital, alcançará 1,5 mil litros por segundo, o que equivale a 47,3 bilhões de litros por ano – quantidade suficiente para o consumo de uma cidade com 750 mil habitantes. O projeto consiste em usar estações de tratamento (no caso a de Alegria, no Caju, zona portuária da cidade) a fim de reaproveitar os efluentes, transformando-os em água própria para reuso pela indústria.
Acordo nesse sentido foi firmado entre a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e a Petrobras. Pelos termos do contrato, caberá à Cedae o investimento para a implantação do projeto e à Petrobras o pagamento da tarifa pelo fornecimento de água, que se destinará a atender à demanda do Comperj e está sendo construído em Itaboraí (RJ).
O presidente da Cedae, Wagner Victer, disse à Agência Brasil que a iniciativa está inserida no contexto da Rio+20, que é o de promover o crescimento econômico sem causar impacto ainda maior sobre o meio ambiente – no caso, a Baía de Guanabara.
“O Comperj pode ser considerado a maior obra em andamento no país. Por isso mesmo, é uma oportunidade única de o estado mostrar, às vésperas da Rio+20, que é possível crescer em consonância com a preservação ambiental”, destacou.
Para Wagner Victer, além de usar água proveniente de esgoto tratado e, consequentemente, deixar de fazer captação em fontes naturais, a Petrobras estará também contribuindo para o processo de saneamento da Baía de Guanabara, uma vez que serão tratados e reutilizados os efluentes da Estação de Tratamento de Esgoto de Alegria (ETE).
O presidente da Cedae explicou que, a partir da estação de Alegria, a água tratada será conduzida, por meio de um duto submarino de 17 quilômetros (km), até a ETE São Gonçalo, na região metropolitana. Uma estação de bombeamento e um duto terrestre de mais 32 km levarão a água até a entrada do Comperj, em Itaboraí.
Além da água de reuso, haverá também o fornecimento de água potável para o Comperj. Conforme previsto no convênio, foi inaugurada a ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Porto das Caixas, em Itaboraí, incluindo o sistema de adução, que aumentará a capacidade de produção em 100 litros por segundo.
Pelo acordo, metade do acréscimo do suprimento de água potável será ofertada à população em torno do Comperj, beneficiando aproximadamente 25 mil pessoas, e a outra metade, para o abastecimento de água potável das indústrias do complexo petroquímico.
Edição: Talita Cavalcante