Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – No Dia Mundial da Biodiversidade, o Rio Paraíba do Sul começou a receber hoje (22) cerca de 75 mil alevinos, filhotes de lambari do rabo vermelho, curimbatá e quiabanha. Fruto de uma parceria entre o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) com outras instituições do Rio e de outros estados e com a iniciativa privada, o Projeto de Recuperação da Fauna do Rio Paraíba do Sul, iniciado no ano passado, visa ao repovoamento e a recomposição dos peixes do rio até 2016.
De acordo com a vice-presidenta do Inea, Denise Rambaldi, a soltura dos peixes só está sendo possível devido à melhora na qualidade da água, conquista de uma série de ações paralelas para diminuir o despejo de todo tipo de esgoto no rio e a degradação da fauna e das margens do Paraíba do Sul.
“Temos tido esse cuidado no processo de licenciamento das empresas da região, de apoio e parceria com diversos municípios e com empresas no tratamento de esgoto, com as prefeituras no sentido de planejar uma melhor ocupação legal dessas margens, assim como a desocupação das áreas de preservação permenente, além de criação e instalação de parques, trilhas”.
Há dois anos, foram soltos 100 mil alevinos. Desta vez, os municípios beneficiados foram Barra Mansa, Resende e Barra do Piraí, no sul fluminense. A meta é soltar 1 milhão de alevinos até 2016, quando a reprodução desses peixes deve se dar sem a intervenção humana, se a qualidade da água e a cadeia alimentar não forem prejudicadas.
A vice-presidente do Inea lembrou que o Paraíba do Sul está em uma das bacias hidrográficas mais importantes do Brasil em termos de biodiversidade e localizado na região mais industrializada do país. “A situação está bem melhor, porém longe do ideal. Mas esperamos que, com essas ações, a cadeia alimentar logo esteja plenamente equilibrada e, depois de 2016, não seja mais necessária a soltura dessas espécies, que são a bandeira do Rio Paraíba, com sua riquíssima diversidade”, declarou Denise.
O Paraíba do Sul banha os estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Além de resíduos industriais, extrativistas, da pecuária e da agricultura, outros fatores que prejudicam a fauna do Rio são a extração mineral de areia, as pequenas hidrelétricas que alteram o curso do rio e a derrubada das matas ciliares - principais causadores das enchentes nos locais por onde o Paraíba do Sul passa.
Um estudo realizado em 2009, pela Universidade de Taubaté, comprovava que foram encontradas, nas amostras de água retiradas do trecho paulista do Rio, substâncias tóxicas causadoras de danos genéticos e de câncer. As substâncias foram alumínio, ferro, inseticidas, herbicidas e esgoto urbano.
Edição: Lana Cristina