Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) corre o risco de não passar de uma reunião ministerial, na opinião do ex-secretário de Meio Ambiente do estado de São Paulo Fábio Feldmann. Hoje (21), em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, Feldmann disse que a única pessoa que pode “salvar” a Rio+20 é a presidenta Dilma Rousseff.
“Se a principal economia do mundo [Estados Unidos] não fizer parte dessa reunião, já tira o prestígio do evento. O Brasil tem mais prestígio e também mais responsabilidades do que há 20 anos”, defendeu. Segundo ele, a presidenta precisa retomar os diálogos para garantir a presença do presidente norte-americano, Barack Obama, e da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Feldmann também criticou a agenda do evento que, segundo ele, não reconhece a urgência dos limites do planeta e a forma de negociações para o documento final que será discutido durante a conferência. “A técnica de negociação está equivocada. Um mantém a sugestão de outro, que manteve a sugestão do primeiro. Não existe prioridade e estamos com um documento que tem quase 200 páginas”, disse.
A expectativa do governo brasileiro é que amanhã (22) os negociadores mundiais apresentem um documento mais reduzido para pautar o debate na Rio+20. A Organização das Nações Unidas (ONU) convocou uma nova rodada de negociações, que começa na semana que vem, em Nova York, para chegar a um texto mais suscinto.
O assessor do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Alfredo Joly, disse que os resultados da conferência dependerão do quanto essas negociações vão avançar. “Mas acho que não teremos metas claras. Talvez tenhamos um rascunho do que deveriam ser essas metas”, avaliou.
Para Joly, “as mudanças que vão acontecer depois da Rio+20 serão muito mais por decisões do mercado do que de compromissos de governo”. Segundo ele, a iniciativa privada já vem dando sinais de uma mudança de postura.
Edição: Lana Cristina