Brasília – O governo sírio realiza hoje (26) referendo para reforma constitucional em meio à crescente onda de violência e a um boicote anunciado pela oposição. A proposta de nova Constituição prevê eleições multipartidárias para o Parlamento em um prazo de três meses. A oposição, no entanto, classifica de farsa a votação e voltou a pedir a renúncia do presidente Bashar Al Assad.
Segundo ativistas, somente ontem (25), 89 pessoas foram mortas em consequência da violência em toda a Síria. Entre os mortos, estão 24 civis nas áreas sitiadas de Homs, a terceira maior cidade do país e alvo de bombardeios das forças governistas nas últimas semanas. Além disso, 23 soldados das forças do governo foram mortos em enfrentamentos com rebeldes em todo o país.
A TV estatal síria vem promovendo discussões sobre a nova Constituição, que abriria mais espaço para a oposição ao partido Baath, do presidente. O documento foi rejeitado pela oposição. Um grupo opositor observou que o regime de Al Assad nunca respeitou a atual Constituição, que garante liberdade de expressão e de manifestação e proibe a tortura.
A atual onda de violência também vem levantando questionamentos sobre a capacidade do governo de realizar um referendo constitucional com sucesso. Em Istambul, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, expressou essa preocupação: "De um lado, realiza-se um referendo e, de outro, atacam-se áreas civis com artilharia de tanques. Você acha que as pessoas vão sair para um referendo nesta cidade?", questionou Davutoghu.
O governo dos Estados Unidos classificou o referendo de "risível".