Morillo Carvalho
Enviado especial da EBC
São Luís – Ao pensar em Olinda, é fácil lembrar de um elemento momesco: os bonecões. Na capital maranhense, eles nunca foram tradicionais, mas em uma cidade com pelo menos dez manifestações exclusivas de cultura popular ligadas ao carnaval, há quatro anos, eles também saem nas ruas para mostrar que a cidade renova a festa de Momo, sem esquecer das tradições.
O Pés de Fulô Núcleo de Teatro e Bonecos aproveita a folia para levar às ruas bonecões de seus personagens típicos, como o Fofão – um homem vestido com um macacão de chita e uma máscara assustadora, que segura em uma mão uma vara e, em outra, uma bonequinha. A vara é usada para cutucar os foliões que, porventura, toquem na boneca, até que eles deem um trocadinho ao Fofão.
Idealizado por Sandra Cordeiro, o núcleo se apresenta com os bonecões, ao longo do ano, mas, no carnaval, a “parada de gigantes” entra na avenida com os 14 integrantes para recontar a história da Comédia Dell'arte francesa que, no século 15, imortalizou a história de amor de Arlequim por Colombina. No caso, o Fofão assume o papel de Pierrot e a Catirina (outra personagem típica), o papel de Colombina, e o Chico do Boi, também típico do carnaval maranhense, é o Arlequim.
“A primeira vez que nós oferecemos o boneco, o pessoal da [Secretaria de] Cultura disse que nós não temos tradição de bonecos gigantes, que isso é de Olinda. Eu disse, 'ora, que besteira. Boneco é universal!', relatou Sandra Cordeiro.
Entretanto, ela reconhece que a inspiração veio da cidade pernambucana. “Bonecos de Olinda têm outra estrutura: as mãos são soltas, livres. A nossa não é, a nossa tem outra estrutura: a mão do boneco está na mão do bonequeiro. Mas é boneco gigante. Com certeza, o boneco de Olinda nos inspirou e, como bonequeiros, nós vamos bebendo de todas as fontes, né?”.
Edição: Lana Cristina