Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de ser apontado como o aeroporto que recebeu o maior número de reclamações – segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feito em aeroportos do Distrito Federal, de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Mato Grosso – não houve, até a tarde de hoje (24), nenhum registro de problemas nesta véspera de Natal no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília.
“Até o momento tivemos apenas cinco casos de passageiros que chegaram atrasados e foram surpreendidos por terem de pagar mais de R$ 1 mil por uma passagem que custou R$ 300”, disse o servidor do Juizado Especial do Aeroporto Wellington Sarmento. “Está tudo mais normal do que eu imaginava para uma véspera de Natal”, disse.
De acordo com a Infraero, até as 14h de hoje (24), dos 104 voos que partiram de Brasília, apenas quatro (2,9%) saíram atrasados, e dois (1,9%) foram cancelados.
Parte da preocupação com o risco de apagão aéreo se deve ao fato de o Brasil ser o país onde mais cresce o mercado de viagens aéreas. Foi isso o que possibilitou que a família da funcionária pública Silvane Maria dos Santos Rodrigues, de 26 anos, trocasse as viagens de ônibus para o Piauí por viagens aéreas. Apesar de ter viajado apenas uma vez de avião, ela estava embarcando para o Piauí a filha, Sophia dos Santos Rodrigues, junto com a mãe, a irmã, três sobrinhas.
“Elas vão passar um mês no Piauí, para ficarem perto das raízes da família e da bisavó. Antes a gente só conseguia ir de ônibus. Levava três dias para chegar”, disse Silvane à Agência Brasil. “O chato é essa ameaça de greve. A gente ficou preocupada porque as passagens foram pagas com muito sacrifício pela minha mãe, em diversas parcelas. Seria muito injusto nos privarem desta viagem”, disse.
Opinião similar tem o profissional da área de tecnologia da informação Claudio Almeida Prado, 47, que chegava de Teresina (PI) com a esposa e a filha para passar a noite de Natal com a cunhada. “Não há dúvidas de que essa seria uma greve oportunista, caso se concretizasse. Uma verdadeira chantagem feita em plena época de Natal. Estávamos preocupados, mas tudo foi bem. Eles [os sindicalistas] bem que podiam discutir os problemas da infraestrutura aeroportuária em outros momentos”.
Já o casal Paulo Henrique Silva, 35, e Liana Nascimento, 27, que estava indo de Brasília para São Paulo, considera que os aeroviários “merecem o aumento”. Apesar de não terem se preocupado com o risco de contratempos, caso a greve acontecesse, os dois disseram que os parentes que os aguardam para o Natal não estavam tão tranquilos. “Eles moram perto de Congonhas e, pelas experiências [negativas] que já tiveram, estavam bastante preocupados”.
De acordo com o CNJ, de janeiro a novembro de 2011 os aeroportos de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso registraram 22.653 reclamações. Entre as queixas mais frequentes estão as de overbooking (quando o número de passagens vendidas é superior ao de assentos das aeronaves), atrasos, cancelamento de voos e falta de informação, além de extravio, violação e furto de bagagens.
O aeroporto de Brasília registrou, segundo o CNJ, 7.182 reclamações. Em São Paulo, os aeroportos de Congonhas e de Cumbica registraram 421 e 1.782 reclamações, respectivamente. Em Cuiabá (MT), o juizado do Aeroporto Marechal Rondon protocolou 129 reclamações e, no Rio de Janeiro, o Aeroporto do Galeão/Tom Jobim registrou 6.275 queixas, enquanto o Santos Dumont contabilizou 6.864 reclamações.
Edição: Fernando Fraga