Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- Apesar de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) apontar que mais da metade de templos de religião de matriz africana no estado são vítimas de intolerância religiosa, a Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) avalia que traçar uma política de proteção a essas casas depende de um mapeamento nacional.
De acordo com a ministra Luiza Bairros, a questão é complexa e requer uma estratégia "delicada" para que o governo não acabe interferindo na rotinas dos terreiros. "Não há como pensar uma política pública única", disse a ministra. "Por isso, nossa preocupação é, em primeiro lugar, pensar nesse mapeamento de maneira geral e, depois, um tipo de intervenção", completou.
Luiza Bairros participou hoje (23) de evento em homenagem à intelectual e ativista negra, ex-coordenadora do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, Lélia Gonzalez, que morreu em 1994.
Dados preliminares do Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana no Rio de Janeiro, revelam que 451 - mais da metade dos 847 identificados no estado - foram vítimas de algum tipo de ação que pode ser classificada como intolerância em razão da crença ou do culto. Os casos variam de pequenos "boicotes" à agressão física de sacerdotes, segundo os pesquisadores.
Durante evento na PUC-Rio, a Seppir não explicou, na ocasião, as restrições orçamentárias que representam uma diminuição de 31,6% dos gastos da pasta entre janeiro e novembro deste ano em relação ao mesmo período de 2010. Mas se comprometeu a falar sobre o assunto futuramente.
Segundo o Ministério da Fazenda, a secretaria gastou este ano R$ 16,8 milhões, contra R$ 24,6 milhões no mesmo período de 2010. O principal corte foi no programa Brasil Quilombola, que gastou 56,9% a menos, cerca de R$ 2,4 milhões este ano ante R$ 5,6 milhões em 2010.
Edição: Aécio Amado