Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A junta militar que controla o poder no Egito concordou em formar um governo de coalizão e manter as eleições presidenciais que serão realizadas até junho de 2012 – as primeiras depois de quase três décadas. A decisão foi tomada após três dias protestos, que geraram 33 mortos e mais de 2 mil feridos no país. A gestão de coalizão é chamada "governo de salvação nacional".
Os civis se queixam de que os militares postergam o processo eleitoral e o julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak, que renunciou em 11 de fevereiro deste ano sob forte pressão dos manifestantes e da comunidade internacional. Há uma cobrança para que os militares façam a transição do poder para os civis.
Ontem (22), ocorreram várias reuniões de grupos políticos e militares. Nelas, ficou decidido que as eleições parlamentares marcadas para segunda-feira (28) estão mantidas. Também foi confirmado que as eleições presidenciais ocorrerão até junho de 2012 – essa era uma das principais demandas dos manifestantes egípcios.
Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Brasil no Egito, Antonio Melantonio Neto, informou que há reclamações dos civis em relação aos militares, que preservam vários privilégios em comparação aos demais funcionários públicos. O diplomata disse que, comparativamente, o valor dos salários dos militares é superior aos dos civis, e o orçamento das Forças Armadas é mantido em sigilo.
Desde a derrubada da monarquia em 1952, as Forças Armadas se mantêm por trás de todos os governos do país e controlam cerca de 20% a 40% da economia. O Exército pressionou pela renúncia de Mubarak quando percebeu que ele havia perdido apoio popular. Desde então, a maior autoridade do país é o Conselho Supremo das Forças Armadas.
Além dos recentes confrontos na Praça Tahrir, há relatos de violência na cidade portuária de Ismalia, no Canal de Suez, após enfrentamentos entre as forças de segurança e um grupo de 4 mil manifestantes, e em Alexandria. A Anistia Internacional informou que o atual governo manteve práticas abusivas durante o período de Mubarak, como tortura de presos políticos e veto à imprensa crítica.
*Com informações da BBC Brasil//Edição: Graça Adjuto