Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Aos 64 anos, Rita Simplícia da Silva ganha a vida vendendo balas em um semáforo na área central de Brasília. Todos os dias, sente na pele o descaso com pessoas idosas e sofre com a falta de apoio da família. Moradora de Santo Antônio do Descoberto, município goiano localizado região do Entorno do Distrito Federal (DF), ela tem cinco filhos, mas nenhum reside perto dela. “Tenho de trabalhar para sobreviver. Trabalho porque não tenho família para me sustentar.” Neste Dia do Idoso, Simplícia quase não tem o que comemorar.
O maior sonho de Rita é a aposentadoria. Ela disse que no ano que vem já pode começar a recebê-la. Quando tiver o benefício, pretende descansar e cuidar da saúde. A vendedora ambulante teve um derrame há cinco anos e hoje caminha com o auxílio de muletas, porque a perna direita está paralisada. “É muito ruim trabalhar com esta idade. Não tenho força para levantar, para andar direito. Só tenho assistência de Deus.”
Segundo a professora de psicologia clínica da Universidade de Brasília (UnB), Vera Lúcia Coelho, o envelhecimento requer mudança de papéis na família. Os filhos precisam cuidar da alimentação dos pais, além de ajudá-los em rotinas do cotidiano, como se vestir, e levá-lo com regularidade aos médicos. No entanto, nem sempre as pessoas da terceira idade recebem essa atenção e acabam ficando isolados.
De acordo com o coordenador do Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília, geriatra Einstein de Camargos, o envelhecimento traz aumento das doenças, como a depressão. “As perdas facilitam isso, seja pela viuvez, pelo isolamento ou pelas limitações biológicas. Um em cada três idosos tem chance de ter depressão. É um índice muito alto”.
No Dia do Idoso, país tem pouco a comemorar
Brasil não está preparado para o envelhecimento da população
Edição: João Carlos Rodrigues