Barreto defende fim de "gorjetas" para o cinema brasileiro

28/09/2011 - 17h04

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O cineasta Luiz Carlos Barreto defendeu uma política governamental diferenciada para a indústria de bens culturais e para as manifestações mais populares. Barreto chegou a sugerir a criação de duas pastas para cuidar das demandas dos dois setores, comparando com o tratamento dado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao setor da agricultura.

"O Lula fez dois ministérios, um para o agronegócio e outro para a agricultura familiar. Resultado: a agricultura de exportação brasileira é uma das maiores do mundo e a agricultura familiar está 'bombando'", disse o cineasta durante o 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Barreto defendeu mais investimento nos dois setores. "Ambas as áreas devem ser levadas a sério e não devem ser alimentadas com ridículas gorjetas", disse Barreto. "É preciso que a gente reformule esse pensamento, que a gente sente à mesa com o governo. A educação não pode ser um privilégio de classe. Hoje são 200 milhões brasileiros que, além de comer, precisam alimentar seu espírito, sua mente", defendeu.

O seminário é uma das atividades do festival. As discussões foram promovidas no intuito de achar formas de o Estado participar mais dos incentivos ao desenvolvimento do cinema no Brasil. A ideia é propor um modelo para a área de audiovisual que coordene ações governamentais e privadas.

Barreto fez críticas a cineastas brasileiros que, segundo ele, "pensam mais na carreira do que em cinema" e defendeu o reforço de uma característica de construção coletiva.

"Eu não sei o que é bom e o que é ruim para o cinema brasileiro porque o cinema brasileiro sempre foi um processo de construção coletiva. Isso se acentuou na década de 1970, com o Cinema Novo. Alguns cineastas pensam que podem construir sozinhos, mas acho que não é por aí. Defendo o cinema brasileiro plural que atenda a todas as tendências. Defendo um cinema que seja para todas as telas e para todas as pessoas", disse.

A participação dos órgãos governamentais, na opinião de Barreto, é fundamental e estratégica. Ele citou um estudo realizado por uma agência internacional de prospecção de mercado que apontou a tendência de crescimento da indústria do entretenimento com Brasil e a China na liderança mundial.

“Isso exige um novo modelo para essa área. Nós estamos falando isso há pelo menos um ano, já conversamos com esse novo governo", declarou Barreto.

 

 

Edição: Lílian Beraldo