Daniella Jinkings e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, apelou hoje (28) para que a comunidade internacional apoie a campanha que pede a libertação de cinco cubanos condenados nos Estados Unidos por planos terroristas. O pedido de Parrilla ocorreu, no Itamaraty, depois de reunião com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
Parrilla evitou usar a palavra represália ao referir-se à decisão da Justiça norte-americana sobre os cinco cubanos condenados à prisão perpétua nos Estados Unidos. Mas reclamou do que chamou de discurso "contrastante" do governo do presidente norte-americano, Barack Obama. “O discurso de Obama e a realidade são sempre contrastantes”, disse.
Os presos cubanos são Gerardo Hernández, René González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e Fernando Gonzalez. Eles estão detidos nos Estados Unidos desde 1998 sob a acusação de terrorismo. Em Cuba, o grupo é chamado de Os Cinco Heróis. Há fotos deles espalhadas nas principais áreas de Havana, a capital cubana.
“[Os presos políticos cubanos] tiveram tratamentos cruéis e degradantes, ficaram mais de um ano e meio em celas isoladas”, queixou-se Parrilla. Ele disse que o governo do presidente de Cuba, Raúl Castro, quer agora uma reaproximação com os Estados Unidos. Desde 1962, os norte-americanos impuseram embargo econômico, comercial e financeiro aos cubanos. “É invariável e sólida a decisão do governo de Cuba em avançar até a normalização das relações com os Estados Unidos.”
O apelo de Parrilla foi feito em entrevista coletiva, no Itamaraty. O chanceler Antonio Patriota acompanhou atentamente as declarações do ministro cubano, mas não as comentou. Patriota tratou apenas de detalhar as relações bilaterais entre o Brasil e Cuba, que estão completando 25 anos.
A visita de Parrilla ao Brasil serviu para reforçar o desejo de intensificar as parcerias existentes e incrementar o comércio bilateral. Um dos acordos mais importantes em vigor é o da construção do Porto de Mariel, que será o maior de Cuba, e deve ser concluída em dezembro de 2013. Mas já no primeiro semestre do próximo ano, o porto deverá estar operando parcialmente, segundo técnicos cubanos e brasileiros.
No total, há 15 acordos em curso entre o Brasil e Cuba, envolvendo as áreas de saúde, vigilância sanitária, geologia, metrologia e agricultura. Na conversa de hoje, os chanceleres destacaram ainda os programas de apoio às cooperativas agrícolas privadas em Cuba. Os dois países mantêm ainda projetos de cooperação na área de formação de agentes de saúde no Haiti. É a chamada parceria trilateral. O projeto inclui a construção de unidades de pronto atendimento de saúde no país caribenho.
De acordo com dados do governo brasileiro, o comércio entre Cuba e o Brasil tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em 2010, as negociações entre os dois países atingiram US$ 488,2 milhões. Nos primeiros oito meses deste ano, o intercâmbio bilateral somou US$ 413 milhões. Os principais produtos exportados pelo Brasil para Cuba são óleo de soja, cereais e carnes.
Edição: Lana Cristina