Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRPRJ) vai sugerir a extinção das chamadas comunidades terapêuticas, lugares que recebem dependentes químicos para tratamento. A decisão fará parte de um relatório que será apresentado no 7º Seminário Nacional Psicologia e Direitos Humanos, nos dias 17 e 18 de novembro, em Brasília.
Integrantes do conselho de psicologia vistoriaram hoje (28) unidades de tratamento de dependentes químicos em diversos estados do país, como parte da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos: Locais de Internação para Usuários de Drogas. O relatório será produzido a partir das conclusões sobre as condições das unidades de tratamento visitadas.
No Rio, foram visitados dois centros, um no município de Macaé, no norte do estado, e outro na cidade de Barra Mansa, na região sul. Em ambas as unidades, foram encontrados diversos problemas, segundo relatou a assessora para Políticas Públicas do CRPRJ, Beatriz Adura. “As comunidades terapêuticas vêm ocupando espaço central no tratamento dos usuários de drogas e elas não podem, de nenhuma forma, ocupar esse espaço. Não podem ser consideradas políticas públicas para essas pessoas que estão aí, envolvidas com a problemática das drogas. As comunidades têm um tratamento rigoroso com as pessoas que usam drogas, com abstinência sexual forçada, onde não é respeitada a orientação sexual. E são instituições religiosas, que não têm respeito à laicidade do Estado.”
Para a assessora do conselho, a solução é a extinção das comunidades terapêuticas. “Vamos fazer um relatório nacional gerando subsídios para que outras políticas públicas sejam fomentadas e [sugerindo] que a gente extinga o mais breve possível essas comunidades e as substitua por uma rede de atendimento, os centros de atenção psicossocial de álcool e outras drogas, que venham a atender as pessoas com liberdade e autonomia.”
Segundo Beatriz, o resultado alcançado nos centros terapêuticos não resolve a relação do usuário com a droga, o que favorece a constantes recaídas no decorrer do tratamento.
Edição: Lana Cristina