Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A tradição do uso da bicicleta na Holanda levou o consulado-geral do país a incentivar moradores da capital fluminense a adotar esse meio de transporte.
Esse hábito vem aumentando nos últimos anos no Rio, com a criação de ciclovias para que a população possa se deslocar com mais segurança de casa para o trabalho e também para o colégio.
Para incentivar o uso de bicicletas como meio de transporte, o consulado-geral lançou hoje (18) a campanha Holanda, de Bike com o Rio. Mais de 2 mil ciclistas se reuniram no Aterro do Flamengo. Eles saíram do Monumento aos Pracinhas, em um trajeto até o fim da Praia de Botafogo, e retornaram ao local de partida, em um percurso de 11 quilômetros.
O número de participantes superou as expectativas da organização do evento. Para atrair mais ciclistas, o consulado emprestou mais de 100 bicicletas, para pessoas que fizeram a inscrição gratuita no site da representação diplomática. A comunidade holandesa usou camisetas na cor laranja, distribuídas pelos organizadores.
Na Holanda, existem cerca de 18 milhões de bicicletas para 16,5 milhões de habitantes. Há, ao todo, 17.701 ciclovias e 64. 336 vias totalizando 29 mil quilômetros à disposição dos ciclistas.
Para o cônsul-geral da Holanda no Rio de Janeiro, Paul Comenencia, que participou do evento, é possível que esse hábito da população do país europeu seja seguido pelos cariocas.
“O Rio de Janeiro tem condições ótimas. O Rio tem o cenário e uma infraestrutura que estão se desenvolvendo rapidamente para pedalar. Você vê um público do Rio que gosta de esportes”, disse.
Comenencia disse que a Holanda pode oferecer ao Rio o conhecimento na área de engenharia e tecnologia e “compartilhar com o Brasil essa cultura que já temos há muitas décadas, para o Rio também alcançar esse nível que já está num patamar bem alto”.
Para o autônomo Marcos Fonseca, 46 anos, que veio de São Gonçalo, na região metropolitana,“falta investimento no ciclismo e maior segurança para os ciclistas”. “Eu mesmo não trouxe a minha filha de 10 anos, por não saber como estaria o trânsito, a segurança e as condições para participação dos jovens. Eu quero no próximo ano trazer minha filha para que ela também participe comigo.”
A estudante Yasmin Marques Malaquias, de 11 anos, saiu de Jacarepaguá, no outro lado da cidade, para participar do passeio com o pai e o irmão pela primeira vez. “O Rio tem muito carro e isso destrói o planeta. Falta muito espaço para a gente andar por aí, porque só tem espaço para carro.”
Já o advogado Daniel Leonardo Ramos Martins, que participa pelo terceiro ano consecutivo, disse que o Rio vem fazendo muito pelo ciclismo e as prefeituras nos últimos anos vêm construindo mais ciclovias, mas são necessários alguns ajustes. “[É preciso] interligar a ciclovia do Parque do Flamengo ao metrô da Cinelândia, porque ainda não tem acesso, diferentemente do que já existe nas estações de Copacabana e Ipanema”, exemplificou.
Martins disse que já está preparado para ir ao trabalho de bicicleta na próxima quinta-feira (22), quando se comemora o Dia Mundial sem Carro. “Moro no Catete e vou até o centro. No prédio onde trabalho tem bicicletário. Existem todas as condições favoráveis para percorrer o caminho de bicicleta.”
O Dia Mundial sem Carro é um movimento que começou em algumas cidades da Europa nos últimos anos do século 20 e desde então vem se espalhando pelo mundo, ganhando a cada ano mais adesões nos cinco continentes. Trata-se de uma reflexão sobre os problemas causados pelo uso de automóveis como meio de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos, e um convite ao uso de meios de transporte sustentáveis, entre os quais a bicicleta.
Edição: Juliana Andrade