Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A organização não governamental (ONG) Rodas da Paz participou hoje (18) da abertura da Semana da Mobilidade e da Semana do Trânsito no Distrito Federal (DF). O evento tem o apoio da Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e das embaixadas da Holanda e da Dinamarca.
Durante a manhã, houve uma passeio ciclístico no Eixão, uma das principais vias do Distrito Federal, interditada todos os domingos até as 17h para o lazer da população. Ao final do trajeto, os participantes do evento convocaram a população para uma série de eventos relacionados ao Dia Mundial sem Carro, na próxima quinta-feira (22).
Segundo o presidente da ONG Rodas da Paz, Uirá Lourenço, em Brasília, as manifestações visam a fazer com que autoridades e a população repensem a cidade, que tem o modelo voltado “quase exclusivamente ao automóvel”. Lourenço destacou que, se por um lado a cidade oferece boas condições para os ciclistas por ser plana e ter longos períodos sem chuva, por outro, tem um contexto urbano que não favorece pedestres e ciclistas.
“Mesmo assim, nessas condições, é seguro usar a bicicleta no dia a dia. No Plano Piloto, por exemplo, existem as vias mais tranquilas para se pedalar. Por isso, a gente incentiva o uso da bicicleta como alternativa perfeitamente viável ao automóvel”, disse.
A ONG Rodas da Paz foi criada em 2003 com o objetivo de promover ações que possibilitem a redução do número de acidentes e de mortes no trânsito do Distrito Federal. O grupo procura conscientizar a população de que é possível um trânsito seguro para todos, com especial atenção para os usuários da bicicleta. Segundo o presidente da organização, é importante que o brasiliense deixe o carro em casa e use a bicicleta como meio de transporte por alguns dias da semana. Para isso, a ONG dá orientações e fornece um serviço chamado Bicianjo, que ajuda, por meio do acompanhamento de um instrutor, as pessoas a se sentirem mais seguras no trânsito. Mais informações podem ser obtidas no site da Rodas da paz ou pelo e-mail contato@rodasdapaz.org.br.
“Brasília tem a vantagem que outras cidades não têm como canteiros e vias largas que poderiam acomodar ciclovias ou ciclofaixas. Temos cobrado do governo local essas melhorias. Temos espaço na cidade para criar alternativas ou vias mais seguras para os ciclistas”, disse Uirá Lourenço.
Durante a semana, um especialista holandês estará na cidade para falar da importância do uso da bicicleta. A Holanda se destaca pela quantidade de pessoas que usam esse meio de transporte. “É bom trazer as boas experiências para que o governo do Distrito Federal perceba que outro caminho é possível para a cidade”, destacou Lourenço.
O comerciante Leonardo Gomes de Oliveira, que participou da evento, elogiou o trabalho da ONG Rodas da Paz porque, segundo ele, tenta conscientizar os motoristas a respeitar os demais usuários das vias. “Se no Plano Piloto já tem problemas, nas cidades-satélites a situação é pior”, destacou Oliveira, morador da cidade de Taguatinga. Ele usa a bicicleta aos domingos no Plano Piloto, em Brasília, mas precisa levá-la de carro até o centro da capital federal porque se sente inseguro de se deslocar a partir do local onde mora.
O empresário Felipe James Fiúza Lima, que trouxe dos Estados Unidos um novo conceito de bicicleta, feita de bambu, aproveitou o dia para falar da necessidade de se fabricar veículos com alternativas ecologicamente corretas. “São materiais renováveis. No caso da bicicleta, [o bambu] é bem resistente, mais até do que aço e alumínio”. A bicicleta apresentada por Felipe James foi desenvolvida por uma empresa americana, mas fabricada em Gana por pessoas carentes. “Na verdade, é uma estímulo para gerar emprego e renda naquele país africano. Eu estou trazendo a experiência para o Brasil. A ideia do negócio é focar no social, com outros projetos, como cadeiras de rodas”, contou.
Para Marcelo Granja, do Departamento de Educação do Trânsito do Detran-DF, é importante que as pessoas reflitam e mudem de atitude no trânsito. “Se você é um bom condutor, que possa ser um bom condutor. Se é um bom ciclista, que seja um bom ciclista. A ideia é conjugar as coisas para que haja respeito no trânsito, acima de tudo”, ressaltou. Para ele, cada um tem que exercer um papel, com direitos e deveres, mas com o único objetivo de transitar de forma segura, com responsabilidade e segurança.
Edição: Juliana Andrade