Da BBC Brasil
Brasília – Os líderes que comandam interinamente a Líbia rejeitaram a participação militar internacional no país, incluindo a presença de observadores desarmados, segundo o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Ian Martin. "Está claro que os líbios querem evitar qualquer tipo de presença militar da ONU ou de outras organizações", disse ele.
O comando do Conselho Nacional de Transição (CNT) informou que o país não precisa de ajuda externa para manter a segurança, enquanto o vice-representante da Líbia nas Nações Unidas, Ibrahim Dabbashi, disse que a situação é única. "Não é uma guerra civil, não é um conflito entre dois lados, é o povo se defendendo de uma ditadura", explicou.
Segundo o enviado especial da ONU à Líbia, a expectativa é que o CNT peça ajuda para a criação de uma força policial e para a organização de eleições. A previsão é que as eleições ocorram 240 dias depois que for declarada a libertação do país.
"É preciso lembrar que não há nenhuma memória de eleições [na Líbia], não há um maquinário eleitoral, não há comissão eleitoral, não há história de partidos políticos, não há sociedade civil independente, e a mídia independente só começou a surgir muito recentemente", disse Martin.
"Será um grande desafio organizacional e está claro que o CNT quer que a ONU tenha um papel importante no processo.” O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a crescente demanda por suprimentos na Líbia exige uma resposta urgente e pediu que o Conselho de Segurança reaja com rapidez a pedidos de financiamento da liderança interina.
Apesar de estoques de suprimentos médicos e alimentos escondidos pelo governo terem sido encontrados no fim de semana, ainda há falta de água no país. "Estima-se que 60% da população de Trípoli estejam sem água e saneamento", disse Ban Ki-moon.
Autoridades da União Europeia informaram que as forças pró-Khadafi são responsáveis pelo corte de suprimentos. Ontem (30), os líderes rebeldes deram um ultimato às forças leais ao coronel Muamar Khadafi, ameaçando com uma ofensiva militar se não houver rendição até sábado (3).
A mulher e três filhos do líder líbio estão refugiados na Argélia desde anteontem (29), mas o paradeiro de Khadafi permanece desconhecido. Há boatos que ele pode estar em Sirte, sua cidade natal, em Bani Walid ou em Sabha. Segundo o vice-líder do CNT, Ali Tarhouni, há confiança que ele será capturado.