Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Haiti, Michel Martelly, disse que parte dos US$ 4 bilhões doados pela comunidade internacional ao seu país foi mal utilizada. Segundo ele, falta “controle de gastos” no país. O Haiti recebeu recursos de governos, instituições públicas e organizações privadas, além de órgãos internacionais para a reconstrução depois de ter sido devastado pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010.
Em visita à Espanha, Martelly ressaltou ainda que não é o responsável pela má utilização dos recursos, mas que é fundamental mudar a conduta no Haiti. "É imperativo mudar a maneira de fazer as coisas no Haiti para ter resultados sustentáveis, tangíveis e permanentes", disse. Segundo ele, é necessário “melhorar a transparência” sobre o destino de investimento para "promover a confiança."
Empossado como presidente em maio, Martelly reconheceu que está com dificuldades para fiscalizar a aplicação dos recursos doados ao Haiti. “Hoje uma das coisas que me incomodam é que após o terremoto foram injetados US$ 4 bilhões, mas tenho dificuldades em identificar um projeto, algo que tenha sido feito com esse dinheiro”, disse.
O presidente do Haiti suspeita do desvio de recursos doados. "Talvez alguns tenham usado [o dinheiro] apenas para comprar veículos blindados ou outras coisas que não eram necessárias", disse Martelly.
Para Martelly, uma das alternativas para conter os desvios é a criação de fundo nacional para a aplicação dos recursos destinado à área social – educação, saúde e infraestrutura, além de incentivos à agricultura. Os desafios do presidente no Haiti incluem ainda a redução da taxa de desemprego, o controle do êxodo para as favelas nas cidades e a garantia de segurança alimentar.
*Com a emissora de televisão multiestatal, Telesur, com sede em Caracas, na Venezuela
Edição: Talita Cavalcante