Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - As chuvas que interditaram as principais rodovias de Roraima, isolando cidades inteiras e dificultando o abastecimento de alimentos e de combustível devem continuar até agosto, quando termina o inverno, período chuvoso na região. Segundo o governador José de Anchieta Júnior, isso impedirá que os estragos sejam recuperados de forma rápida e efetiva.

“Vamos trabalhar pelos próximos 90 dias de forma paliativa. O inverno não vai nos deixar trabalhar uma recuperação plena”, afirmou o governador logo após se reunir, em Brasília, com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, a quem pediu a ajuda do governo federal para tentar minimizar os danos e auxiliar a população atingida.

Embora o número total de afetados ainda seja incerto, só na capital, Boa Vista, o número de famílias desabrigadas já chega a 150. O governador estima que cerca de 40% das pessoas já estão sendo direta ou indiretamente afetadas pelas chuvas e pela cheia dos principais rios que cortam o estado. Como cerca de 65% dos 395.725 roraimenses vivem na capital, Anchieta Júnior acredita que o maior problema no interior do estado é o risco de desabastecimento e a falta de comunicação.

De acordo com o governador, enquanto a temporada de chuvas não chegar ao fim, o estado concentrará os esforços para, com o apoio das Forças Armadas e da Secretaria Nacional de Defesa Civil, tentar manter as estradas trafegáveis e ajudar a população das áreas isoladas.

“O que queremos é garantir a trafegabilidade das estradas para que possamos atravessar o inverno. A recuperação definitiva, infelizmente, só ocorrerá no verão”, comentou Anchieta Júnior, comentando a possibilidade de que, se necessário, alimentos, combustível e remédios sejam transportados por aviões, balsas e barcos. Trechos das quatro rodovias federais (BR-174, 433, 432 e 401) estão interditados, alguns deles, por quilômetros.  

Com a interrupção do tráfego na BR-174, que liga Boa Vista a Manaus, a distribuição do combustível que chega da capital amazonense foi prejudicada, o que levou muitos motoristas, ontem (6), a correrem aos postos a fim de abastecer seus veículos e estocar o produto. No interior, aulas foram suspensas e as férias escolares antecipadas para não colocar em risco a vida dos estudantes que tinham de enfrentar fortes correntezas para chegar, de barco, às escolas.

Na próxima quinta-feira (9), o ministro Fernando Bezerra viajará a Roraima, onde deve visitar algumas das áreas afetadas pelas águas. O ministro classificou a situação como preocupante e garantiu que o governo federal dará “todo apoio e atenção” ao estado. Ele disse ainda que aguarda a formalização, pelo governo estadual, de um pedido de auxílio, com o levantamento das necessidades, para definir a melhor forma de apoio, que deverá incluir auxílio financeiro.

“Vamos liberar recursos para ampliar a capacidade de resposta do governo estadual, mas os valores ainda vão ser definidos pelo governo estadual que deverá entregar sua solicitação ainda esta tarde. Vamos trabalhar para liberar estes recursos o mais tardar até a próxima sexta-feira. Além disso, equipes das Forças Armadas, sobretudo do Exército, serão mobilizados e técnicos dos Corpos de Bombeiros de outros estados poderão ser deslocados para ajudar a Defesa Civil de Roraima”, garantiu o ministro.

Edição: Lílian Beraldo