Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As lideranças dos partidos do oposição reagiram bem à saída de Palocci do cargo de ministro-chefe da Casa Civil e acreditam que as relações no Congresso entre a oposição e a base aliada tendem a melhorar. Desde o inicio das denúncias da evolução patrimonial de Palocci, o confronto entre oposicionistas e governistas se intensificou. A oposição passou a insistir na convocação do ministro para prestar esclarecimentos à Câmara sobre sua evolução patrimonial, enquanto a base blindava o ministro e impedia sua convocação.
“Acho que venceu o bom-senso. Se houve algum vencedor, foi o povo brasileiro ao manter [o ministro] sob pressão do Congresso Nacional, onde nós, da oposição, procuramos retribuir demonstrando total esforço na direção de buscar os esclarecimentos”, disse o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). Para o parlamentar, a situação de Palocci ficou mais crítica a partir da entrevista que concedeu na última sexta-feira (3) ao Jornal Nacional, da TV Globo.
Segundo Duarte Nogueira, mesmo com o arquivamento da representação contra o ministro pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não restou outro caminho ao ministro que não fosse deixar o cargo. Duarte acredita que a saída poderá ajudar a estancar a crise que vinha se agravando e, com isso, trazer uma rearticulação do governo fazendo com que as coisas se normalizem. “A demissão do ministro é o que sugeríamos e defendíamos a partir da última sexta-feira”, disse.
Par ao líder do DEM, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), Palocci havia perdido completamente as condições de permanecer no cargo. “A oposição, desde o primeiro momento, cumpriu o seu papel cobrando explicações, agindo com todos os instrumentos parlamentares e legais possíveis. “Tínhamos a obrigação de mostrar que não concordamos com a impunidade”. Segundo o líder, o trabalho parlamentar que foi feito resultou na falta de condições dele [Palocci] permanecer no cargo. “Ninguém está aqui para comemorar essa decisão [demissão de Palocci]. Na verdade, é mais um episódio de dúvidas sobre a conduta moral e ética que acomete o governo do PT”, completou.
Segundo o parlamentar da Bahia, a oposição vai continuar insistindo para que Palocci preste os esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial ao Congresso e ao Ministério Público Federal (MPF). O líder disse que a decisão de apresentar representação ao MPF será mantida, assim como serão apresentados requerimentos de convites para que Palocci compareça à Câmara para dar explicações.
Em relação a nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o líder do PSDB afirmou que a escolha é de competência da presidenta Dilma Rousseff e não cabe à oposição se manifestar. “A avaliação tem que ser feita por quem escolhe. Não cabe a nós da oposição fazer julgamento de nenhum perfil e cabe somente a ela [Dilma Rousseff] escolher uma pessoa competente que trabalhe pelo país e que coloque os projetos de interesse do Brasil para funcionar”.
Edição: Aécio Amado