Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na primeira entrevista como presidente da Vale, Murilo Ferreira garantiu que o planejamento estratégico da mineradora e o orçamento para 2011, de US$ 24 bilhões, estão mantidos. Ele afastou qualquer tipo de especulação sobre mudanças nos planos de investimento da empresa para este ano ou alterações abruptas para os próximos anos. “Uma mineradora não faz alterações significativas de um ano para o outro. Você faz refinamentos de acordo com a indústria”, explicou.
Ao lado do presidente do Conselho de Administração da Vale e presidente da Previ (o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), Ricardo Flores, Ferreira fez coro às garantias que a Vale quer assegurar para os investidores. Segundo ele, a empresa vai continuar a trajetória de sucesso e “os acionistas continuarão recebendo bons dividendos”.
Murilo Ferreira destacou as projeções otimistas sobre o comércio de mundial de minérios, citando os últimos resultados do mercado chinês, principal consumidor dos produtos da Vale. Em relação aos investimentos em siderurgia, que já provocaram ruídos na relação da empresa com o governo, Ferreira disse que é preciso chegar a um consenso. O novo presidente explicou que o parque siderúrgico deve ser aproveitado para incentivar o desenvolvimento do mercado interno e que essa é uma tendência mundial.
O primeiro discurso do novo presidente da Vale foi marcado pela defesa do diálogo aberto com funcionários, comunidades onde a Vale atua e governo. Ferreira fez questão de ressaltar que “o relacionamento com o governo será aberto, franco e construtivo atendendo aos interesses das duas partes”. Essa disposição deve se refletir nas negociações em torno do novo marco regulatório da mineração, que trata, entre outras questões, do pagamento de royalties a estados e municípios onde a Vale atua.
Sobre a participação da Vale no consórcio que vai construir e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ele disse que empresa precisa de energia para desenvolver seus projetos. Para o executivo, o pior cenário para a empresa seria enfrentar falta de energia. “Queremos ter energia disponível”, afirmou. O presidente da mineradora acredita que, com a participação de 9% no capital do consórcio de Belo Monte, a Vale não precisará se preocupar com energia elétrica tão cedo.
Murilo Ferreira ainda acrescentou que pretende fazer da Vale uma empresa onde as pessoas sintam prazer em fazer parte dela. Para ele, incluir a Vale na lista das dez melhores empresas do mundo para se trabalhar “não seria um sonho, seria o céu”.
Edição: Vinicius Doria