Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou nesta segunda-feira (2), em nota, que o país voltou a reduzir a queima de gás natural nos campos nacionais em março, como já havia ocorrido em fevereiro.
Segundo a ANP, a queima no mês passado é a menor desde agosto de 2004 e representou uma redução de 49,2% na comparação com março de 2010. Houve, ainda, redução de 24% em relação a fevereiro. Segundo a agência, em março, foram queimados 3,7 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia), confirmando a tendência de redução do desperdício nos últimos meses. Em fevereiro, o volume extraído que teve de ser queimado foi de 4,8 milhões de m³/dia, volume suficiente para abastecer uma usina térmica de mil megatts (MW) de potência instalada e equivalente ao consumo diário de uma cidade de 4,2 milhões de habitantes.
O Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural referente a março de 2011 atribui essa redução contínua do volume de gás queimqado nos campos produtores, em parte, à exigência da ANP para que os operadores reduzam o desperdício na extração. Essa exigência foi implementada por meio do Programa de Ajuste para Redução da Queima de Gás Natural (Parq), em 2010. Segundo a agência reguladora, em outubro de 2010, os 21 campos constantes no Parq queimaram 3,2 milhões de m³/dia, aproximadamente 58% da queima total no país.
“Em março de 2011, após cinco meses de aprovação do Parq, os mesmos campos queimaram 1,9 milhão de m³/dia, representando 53% de todo gás queimado no mês de março”, informa a nota divulgada pela ANP.
Embora o Brasil venha reduzindo gradativamente a queima de gás no processo de produção de petróleo, o percentual ainda não é o ideal, uma vez que o gás natural tornou-se importante insumo da matriz energética brasileira e a queima significa desperdício, jogar fora parte da produção por falta de meios para transportar o gás natural.
Em entrevista recente à Agência Brasil, o superintendente adjunto de produção da ANP, , admitiu que o ideal, para a agência, é que essa queima fique em apenas 3% do total produzido. Em 2009, quando o gás natural começou a se destacar como insumo na matriz energética, o Brasil chegou a queimar mais de 13 milhões de m³/dia, volume suficiente para uma termelétrica gerar cerca de 3 mil megawatts e abastecer uma cidade de aproximadamente 12 milhões de habitantes. Em junho daquele ano, o país atingiria um recorde negativo: 13,3 milhões de m³ de gás natural queimados diariamente.
“Foi o pico de queima a que chegamos, com um índice de utilização de apenas 77%, ou seja, uma queima de quase 23% do gás produzido. A partir daí, concluímos que não era mais possível manter esse patamar”, disse André Luiz Barbosa à Agência Brasil.
Edição: Vinicius Doria