Patriota reconhece que relação com os Estados Unidos esfriou por causa do Irã, mas defende reabertura de negociações

17/03/2011 - 14h56

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reconheceu hoje (17) que as divergências entre Brasil e Estados Unidos sobre a condução da política externa em relação ao Irã afastaram os dois países. O chanceler defendeu que a adoção de sanções ao governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, pela comunidade internacional surtiu efeito contrário ao que previa o acordo negociado pelo Brasil e pela Turquia.

“Esfriaram as relações [entre o Brasil e os Estados Unidos] possivelmente porque houve uma incompreensão [sobre os esforços do Brasil e a Turquia em busca de um acordo, que conseguiriam produzir algum resultado]" , disse Patriota.

Para o chanceler, a comunidade internacional deve mudar a forma de negociar com o Irã excluindo a adoção de sanções e buscando uma nova base de articulações. “Na medida em que o impasse persiste, a conversa pode prosseguir em uma nova base: sanções não produziram resultados”, disse.

“No Irã, as sanções não contribuíram [para avançar nas discussões sobre o programa nuclear do país] enquanto a iniciativa levada pelo Brasil e pela Turquia teria produzido [outros efeitos]. Foi uma oportunidade perdida. [Mas] continuaremos a debater a questão do Irã, mantendo o contato com essa variedade [de opiniões].”

Em maio do ano passado, foi negociado um acordo para envio de urânio iraniano levemente enriquecido para o território turco e, em troca, o país receberia o produto enriquecido a 20%. Pelo acordo, o urânio enriquecido a 20% deverá ser remetido no prazo de um ano. Nesse período, haverá supervisão de inspetores turcos e iranianos.

Desde junho de 2010, o Irã está submetido a uma série de sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas que afetam, sobretudo, as áreas comercial, econômica e militar do país. Os representantes do Brasil e da Turquia votaram contra as restrições, enquanto o Líbano se absteve.

 

Edição: Lílian Beraldo