França indicia Airbus por acidente com voo 447 da Air France

17/03/2011 - 21h45

Da BBC Brasil


Brasília - A fabricante de aviões Airbus foi indiciada hoje (17) por homicídio culposo nas investigações da Justiça francesa sobre o acidente com o voo AF 447 da Air France, que caiu em 2009 sobre o Atlântico. O avião, com 228 pessoas a bordo, desapareceu após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris em 31 de maio daquele ano.

"Confirmo que a Airbus foi indiciada. Desaprovamos essa decisão, que consideramos precipitada", disse o presidente executivo da Airbus, Thomas Enders, após deixar o gabinete da juíza Sylvie Zimmerman, responsável pelas investigações.

"Nós continuaremos, no entanto, a cooperar com as investigações e com a nova fase de buscas", ressaltou Enders. "Estamos convencidos de que apenas as caixas-pretas permitirão reconstituir o que realmente aconteceu com esse trágico AF 447."

Amanhã (18), será a vez dos representantes da Air France serem convocados pela juíza. A imprensa francesa especula que a companhia aérea também será indiciada.

Os peritos da Justiça francesa questionam a demora da Airbus e da Air France em reagir a outros incidentes ocorridos antes da catástrofe do voo AF 447 com sensores de velocidade dos aviões, os chamados tubos de Pitot.

A decisão de indiciar a fabricante de aviões ocorre poucos dias antes do lançamento da quarta fase de buscas dos destroços do avião da Air France, que deverá ser lançada no Porto de Suape, em Pernambuco, no dia 21 deste mês, em uma nova área de 10 mil quilômetros quadrados.

Na França, a lei chamada Perben, de 2006, permite que pessoas jurídicas sejam processadas penalmente. Segundo a lei, a empresa condenada pela Justiça pode sofrer multas e sanções financeiras de até 1 milhão de euros e ter até suas atividades encerradas pela Justiça.

Nessa investigação judicial do acidente do avião da Air France, estima-se que, se a responsabilidade das empresas for confirmada pela Justiça francesa, a decisão irá influenciar as ações cíveis de indenizações dos parentes das vítimas.

As investigações na Justiça ocorrem paralelamente às feitas pelo BEA (Escritório de Investigações e Análises, na sigla em francês), órgão ligado ao Ministério dos Transportes e responsável por apurar as causas do acidente.