Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para senadores da oposição, os cortes orçamentários anunciados hoje (9) pela equipe econômica do governo foram consequência dos gastos “irresponsáveis” do governo passado, de Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que o ex-presidente Lula gastou muito, provocou a volta da inflação e a consequente necessidade de ajuste nas contas deste ano. “O corte é necessário porque a inflação voltou com força. Ela é oriunda da irresponsabilidade do governo passado que gastou muito, torrou dinheiro para eleger a nossa presidente”, afirmou Torres.
Na opinião dele, a conta vai ser paga pelo salário mínimo e pelas emendas parlamentares, que devem ficar prejudicadas com o corte orçamentário. “Esse preço vai ser pago com o mínimo porque o governo não poderá mais usar o remédio ortodoxo dos juros. Eu temo que isso vá estourar também dentro do Congresso. É uma pena, porque muitas dessas emendas são reforços na áreas de educação, saúde e segurança”, lamentou o oposicionista.
Para os líderes governistas não há porque temer problemas com a base aliada em função de cortes nas emendas parlamentares. Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), “a base está acostumada” e deve aguardar até o segundo semestre para que a liberação de emendas volte à normalidade. “As emendas costumam ser liberadas no segundo semestre e eu espero que até lá a arrecadação possa aumentar e as emendas possam voltar a ser liberadas”, afirmou o peemedebista.
O líder do PT, Humberto Costa (PE), também procurou minimizar os efeitos do ajuste fiscal e disse que, com a base, “sempre se resolve”. Segundo ele, ao longo do ano o ajuste tende a afrouxar e o diálogo sobre as emendas voltará a acontecer. “Todo mundo sabe que isso não é um corte definitivo, e sim, um contingenciamento para evitar a pressão inflacionária”, alegou o líder do partido da presidenta.
O corte no Orçamento Geral da União anunciado hoje pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi de R$ 50 bilhões, cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto. Segundo o governo, estão sendo retirados os incentivos à economia que foram dados na época da crise internacional e que, agora, não são mais necessários.
Além disso, a ministra do Planejamento, Míriam Belchior, também anunciou que fará uma auditoria nas folhas de pagamento do funcionalismo público buscando, entre outros objetivos, reduzir pela metade o gasto com passagens e diárias. Além disso, a compra, reforma ou aluguel de imóveis e aquisição de novos veículos para uso administrativo estão proibidos. Concursos públicos foram suspensos e não serão feitas nomeações de quem já foi aprovado.
Edição: Vinicius Doria