Chile contemporiza decisão de Morales de recorrer a Haia para garantir acesso ao mar

06/01/2011 - 16h50

Renata Giraldi

Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – O ministro das Relações Exteriores do Chile, Ricardo Moreno, contemporizou hoje (6) a ameaça feita ontem (5) pelo governo da Bolívia de recorrer ao Tribunal Internacional de Haia para tentar garantir o acesso ao mar. O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, disse que o presidente Evo Morales analisa a hipótese. O presidente chileno, Sebastián Piñera, convocou uma reunião hoje para discutir o assunto.

 

Para Moreno, não há inconveniente na decisão do governo boliviano de recorrer a Haia. As informações são da rede estatal de televisão do Chile, a TVN, da Presidência da República do Chile e do Ministério das Relações Exteriores do país.

 

Pela manhã, Piñera reuniu Moreno, os presidentes das comissões de Relações Exteriores na Câmara e no Senado, além de líderes dos partidos políticos do Congresso. Também participaram os representantes do Chile na Corte de Haia, Alberto van Klaveren e Tereza Infante.

 

Desde 1879, a Bolívia reivindica o direito de ter acesso mar. Depois de uma disputa com o Chile, os bolivianos perderam cerca de 400 quilômetros de costa e não dispõe de litoral. Em 1976, os dois países romperam relações depois de mais um acordo fracassado. No ano passado, os presidentes Morales e Piñera criaram uma comissão com integrantes dos dois países para analisar o tema.

 

Em outubro do ano passado, o presidente do Peru, Alan García, ofereceu a Morales, o direito de uso do Porto de Ilo (no Peru) para negociar a venda de gás, trânsito livre de embarcações e condições de acesso por 99 anos.

 

A iniciativa ameniza a ausência de saída para o mar por parte da Bolívia. Mas a ideia de oferecer o uso do Porto de Ilo não é nova. Em 1992, o ex-presidente da Bolívia, Jaime Paz Zamora, e o do Peru, Alberto Fujimori, assinaram um documento estabelecendo a parceria, mas o acordo nunca foi executado.

 

Edição: João Carlos Rodrigues