Fundação Palmares quer certificar 1.578 comunidades quilombolas até o fim do governo Lula

20/11/2010 - 15h19

 

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Certificar 1.578 comunidades que se autodefiniram quilombolas é a meta da Fundação Palmares (ligada ao Ministério da Cultura) nos oito anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maioria dessas comunidades está localizada nos estados da Bahia, do Maranhão, do Pará, de Minas Gerais e Pernambuco.

Conforme estabelece o Decreto 4.557/2003, o reconhecimento é o primeiro passo para a titulação das áreas, a cargo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Segundo a fundação, desde 1995, quando começa o trabalho de reconhecimento das comunidades quilombolas, até hoje foram emitidos apenas 113 títulos, cerca de 900 mil hectares para 11,5 mil famílias de 183 comunidades.

A titulação segue um rito mais lento do que a certificação, disse Gilvânia Maria Silva, coordenadora-geral de Regularização de Territórios do Incra. Segundo ela, o procedimento é mais “complexo” do que os assentamentos comuns. “Não se trata de um assentamento em terra improdutiva. Os critérios são de uso ancestral da área”, explicou.

O processo envolve a abertura, a produção de um relatório (baseado em laudo antropológico), a publicação em edital, o prazo de contestação de quem possa ter interesse sobre a mesma área e a defesa do Incra e a desintrusão (com eventual pagamento de indenizações). Muitos processos vão parar na Justiça. “Passa da governabilidade do Executivo para a o Judiciário”, aponta Gilvânia Silva que contabiliza mais de 900 processos em tramitação no Incra com 100 editais publicados. Na Fundação Palmares, há mais de 2 mil pedidos de certificação.

O decreto que regulamenta o processo de titulação de terras quilombolas é alvo de ação do partido Democratas no Supremo Tribunal Federal (ação direta de inconstitucionalidade) por causa do critério de autodefinição.

Hoje (20) pela manhã, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, entregou títulos a 85 famílias da Comunidade de Cascas, em Mostardas (RS), um total de 2,3 mil hectares.

 

Edição: Aécio Amado