Expectativas do mercado financeiro se voltam para a composição do novo governo

01/11/2010 - 17h33

 

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Passado o período eleitoral, as expectativas do sistema financeiro se concentram, agora, nas negociações da presidente eleita, Dilma Rousseff, para composição do novo governo. Principalmente no que se refere aos ministérios da Fazenda e do Planejamento, do Banco Central (BC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A afirmação é do economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, para quem a questão fiscal e a concessão de crédito oficial são cruciais para determinar os cenários mais prováveis para 2011. Segundo ele, é necessário dar atenção especial aos dois quesitos, uma vez que “a manutenção de tais impulsos à demanda interna tem contribuído para intensificar desequilíbrios importantes”.

Campos Neto lembrou que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, deixa em aberto a possibilidade de uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) se a expansão dos gastos e do crédito não for contida. Mas, de acordo com a expectativa média dos analistas de mercado consultados pelo BC na última sexta-feira (29), não há perspectiva de que isso ocorra a curto prazo, uma vez que a inflação está sob controle.

Este é, inclusive, o entendimento da maioria dos consultores financeiros, que viram no pronunciamento da presidente eleita, ontem (31) à noite, uma tendência de manutenção dos rumos atuais da estabilidade econômica. Tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou o pregão de hoje (1º) com alta de 1,26%, reforçada por sinais positivos da indústria manufatureira da China e da leve recuperação dos Estados Unidos no terceiro trimestre do ano.

A movimentação do mercado cambial também se processou hoje sem maiores impactos, de poucos negócios na véspera do feriado de Finados, amanhã (2). Embora tenha sido cotada abaixo de R$ 1,70, no início da manhã, com ligeira desvalorização em relação ao pregão anterior, o dólar se recuperou na parte da tarde, em meio às notícias vindas da China e dos EUA, e encerrou o dia cotada a R$ 1,706 para compra e a R$ 1,708 para venda, com valorização de 0,29%.

A tranquila recuperação da cotação fez com que o BC fizesse apenas um leilão de compra de dólares no mercado à vista, em vez dos dois leilões diários que tem operado desde o dia 8 de setembro para enxugar o excesso de dólares no mercado, ao mesmo tempo em que reforça as reservas internacionais. Estas, por sinal, fecharam o mês de outubro com estoque recorde de US$ 284,930 bilhões.

 

Edição: Aécio Amado