Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O compromisso da presidente eleita, Dilma Rousseff, com a erradicação da miséria durante o seu governo passará necessariamente por uma articulação com igrejas cristãs e centros religiosos de matrizes africanas e organizações que estão enraizadas nas comunidades pobres do país. A avaliação é do pedagogo Ivanir dos Santos, secretário executivo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir).
Para atacar o problema, Ivanir disse que primeiro é necessário diferenciar as situações de miséria e de pobreza. “Está na pobreza quem tem alguma dificuldade, possui referência mínima de residência, mas não tem uma renda que lhe garanta um padrão de vida decente. Vive na miséria a população que está à margem da sociedade, sem moradia, sem alimentação regular e fora do ambiente escolar.”
Para chegar na população miserável, como os milhares de sem-teto que sobrevivem nas cidades brasileiras, o pedagogo afirmou que é preciso articulação entre governo federal, prefeituras, instituições religiosas e organizações não governamentais (ONGs).
“Tem que haver uma estratégia para atrair essa população. E não há política social sem parcerias. Há lugares onde o Estado não chega, como no interior das favelas, mas é inegável que em qualquer comunidade pobre existe uma presença religiosa”, disse Ivanir.
Ele fez uma avaliação positiva dos oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto ao combate à pobreza, e disse que Dilma deverá seguir adiante, aprofundando ainda mais o projeto. “A Dilma está dando continuidade e falando em ir além da política de Lula. É preciso ampliar a meta, que atendeu a uma parcela grande da população. Mas tem uma outra parcela que não foi atendida. E o primeiro passo é ter um contato com ela por meio dos grupos que já trabalham no setor.”
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), com base na Pesquisa Nacional sobre População de Rua, o país tem cerca de 45 mil pessoas sem teto nas principais cidades brasileiras.
Edição: João Carlos Rodrigues