Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O brasileiro definitivamente está consumindo mais pescado. Nos últimos oito anos, o consumo anual por pessoa cresceu quase 40%, saindo de 6,5 quilos (kg) em 2003 para 9 kg este ano. Por conta do aumento da demanda, 20% do consumo interno são atendidos pelas importações. Os dados foram divulgados hoje (10) pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, durante o lançamento do edital para a compra de equipamentos do Centro Integrado de Pesca Artesanal (Cipar), em Niterói.
O Cipar, que será inaugurado até o fim do ano, recebeu R$ 10 milhões em investimentos federais. Cerca de 10 mil pescadores artesanais da região serão beneficiados com infraestrutura de carga, descarga e comercialização de pescado.
“Nós tivemos nesse período a estruturação das políticas públicas para dar apoio ao setor pesqueiro e aquícola brasileiro, com a criação do ministério e um conjunto de políticas de crédito e assistência técnica. Isso tem impulsionado o setor, com o aumento da produção em 25%, de 2003 a 2009, e aumento significativo no consumo”, destacou Gregolin.
Apesar da produção brasileira de pescado ter saltado de 990 mil toneladas em 2003 para 1,24 milhão de toneladas em 2009, a produção interna não tem acompanhado o crescimento do consumo pelos brasileiros. Por isso, o país já está importando mais de 200 mil toneladas ao ano, principalmente de peixes como salmão e bacalhau.
Gregolin estima que o Brasil, rico em água doce e dono de 8 mil quilômetros de costa, tem potencial para produzir até 20 milhões de toneladas por ano. “Esse é um potencial que será desenvolvido no médio e longo prazos. A nossa meta para 2011 é chegar a 1,4 milhão de toneladas. Nos próximos cinco anos, temos condições de chegar a 2 milhões de toneladas”.
Para garantir o crescimento sustentável do setor pesqueiro, o governo federal investiu em infraestrutura para atender aos pescadores artesanais. Segundo Gregolin, foram construídos 20 terminais pesqueiros, 25 entrepostos e 180 fábricas de gelo nos últimos anos. O objetivo é favorecer o aumento da renda dos pescadores, que ficam livres dos atravessadores, e promover a redução do preço ao consumidor, incentivando a demanda e realimentando a cadeia produtiva.
Apesar de comemorar o aumento do consumo de pescado, o ministro afirmou que ainda há um grande espaço para o setor crescer, tomando como referência o consumo per capita de outros países. Os japoneses são os que mais consomem frutos do mar: nada menos que 60 kg por pessoa ao ano. Na China, o consumo per capita é de 30 kg/ano e no Chile, 12 kg/ano, a mesma quantidade que o ministro Gregolin aponta como meta para o consumo no Brasil dentro de cinco anos. Atualmente, segundo o ministério, a pesca é responsável pelo sustento de 1 milhão de famílias de pescadores e de 150 mil famílias de aquicultores.
Edição: Vinicius Doria