Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) disse hoje (15) que pretende desenvolver uma política externa voltada para a economia, valorizando países com maior potencial de mercado. Serra se encontrou no Rio com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, ex-primeiro-ministro de Portugal.
O ex-governador de São Paulo enumerou os principais conceitos que adotará em sua política externa, caso seja eleito. “Primeiro, o respeito à autodeterminação dos povos, segundo, a defesa dos direitos humanos em escala internacional, terceiro, uma política comercial brasileira mais presente, mais agressiva. O Brasil avançou muito nos últimos anos na presença política, mas precisa avançar na presença econômica”.
Segundo Serra, desde 2003 ocorreram no mundo 100 tratados de livre-comércio, mas o Brasil firmou só um, com Israel. “Nós gastamos muito tempo na aproximação com economias que não têm significado econômico para o comércio brasileiro. Investimos um enorme esforço na aproximação com esses países. Ao mesmo tempo, com economias grandes fizemos acordos muito pequenos, como é o caso da Índia. Temos que mudar esse comportamento, ter uma abertura maior com negociações com o mundo inteiro”.
No entanto, o candidato citou a relação com a China como uma estratégia equivocada. “O reconhecimento da China como uma economia de mercado tem inibido o Brasil de adotar medidas contra práticas desleais dos chineses no comércio internacional. Fizemos uma concessão que não teve como contrapartida benefícios para o nosso país. Até agora, por motivos políticos, nós temos deixado de ganhar em matéria de relações econômicas com a China”.
Pela manhã, Serra participou de entrevista em uma rádio local e na saída questionou a origem dos recursos para se construir o trem-bala, projeto que vai ligar o Rio de Janeiro a Campinas, passando por São Paulo.
“Eles dizem que é tudo dinheiro privado. Vamos ver se é de verdade. Porque se for tudo dinheiro do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], subsidiado, sem garantias adequadas, acaba sendo dinheiro público. E o dinheiro do trem-bala dá para triplicar o metrô no Rio de Janeiro, dá para fazer o arco rodoviário, dá para fazer grande parte das estradas da Copa do Mundo, das Olimpíadas. Se houver empresário disposto a fazer, tudo bem. Agora, não pode ter é dinheiro do governo nisso”.
Segundo a assessoria do candidato, Serra estará amanhã (16) em Recife.
Edição: Rivadavia Severo