Relator da ONU diz que é preciso fazer mais para ter segurança na Copa e nas Olimpíadas no Brasil

01/06/2010 - 13h51

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O relator especial das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre Execuções Extrajudiciais, Philip Alston, disse hoje (1º) que o Brasil precisa intensificar as ações contra a violência se quiser realmente ter segurança, no Rio de Janeiro, durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

“Novos esforços de policiamento comunitário em algumas favelas do Rio de Janeiro são muito benvindos, como é também a promessa do governo federal de aumentar os salários [dos policiais] para melhorar a segurança antes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Mas esses esforços exigirão um impulso muito maior se forem para trazer a segurança que se espera dentro nos próximos quatro anos”, disse o relator.

Ao divulgar o Relatório sobre Execuções Sumárias da ONU, que denuncia níveis alarmantes de mortes cometidas pela polícia e o descumprimento das recomendações feitas pela organização, Alston lembrou as execuções que ele presenciou durante a visita ao Brasil em 2007.

“O dia a dia de muitos brasileiros, especialmente daqueles que vivem em favelas, ainda é na sombra de assassinatos e da violência de facções criminosas. Quando visitei o país constatei que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações. Civis foram mortos também por policiais atuando em grupos de extermínio e milícias”, disse Alston em comunicado à imprensa.

Ele destacou que o número de execuções no Brasil é muito alto. “Houve pelo menos 11 mil mortes registradas como ‘resistência seguida de morte’ em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 2003 e 2009. As evidências mostram claramente que muitas dessas mortes na realidade foram execuções. Mas a polícia imediatamente as rotula de 'resistência'”, criticou o especialista. Alston ressaltou que essas mortes precisam ser investigadas como assassinatos.

O relator elogiou a nova abordagem das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro, que, segundo ele, substitui intervenções violentas de curto prazo. Porém, faz ressalvas: “As UPPs trazem a perspectiva de segurança real e sustentada. Mas há também cada vez mais relatos de abusos cometidos contra moradores da favela pela UPP, e os serviços sociais prometidos nem sempre foram fornecidos.”

Edição: Talita Cavalcante