Audiência da EBC recebe várias propostas para programas da TV Brasil e das rádios MEC e Nacional

01/06/2010 - 23h21

Vladimir Platonow

Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A audiência pública realizada hoje (1º) sobre a programação da TV Brasil e das rádios MEC e Nacional permitiu que representantes de organizações da sociedade civil, ouvintes e telespectadores fizessem críticas, sugestões e cobranças diretamente aos gestores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O encontro promovido pelo Conselho Curador da EBC, realizado no auditório da Rádio Nacional, contou com cerca de 200 pessoas e foi transmitido ao vivo pelo canal NBR e pela internet.
 

A jornalista Renata Mielli, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e editora da revista Movimento, da União Nacional dos Estudantes (UNE), sugeriu adoção de uma estética televisiva própria e de conteúdos diferenciados dos canais comerciais. “Esperamos que ela veicule a pluralidade, a diversidade e dê voz aqueles que não têm espaço na mídia comercial, como os movimentos sociais e a produção cultural independente. É necessário se reinventar quanto à programação e a TV Brasil nasce com esse desafio. É preciso experimentar e eu sinto que ainda há um certo conservadorismo na formatação dos programas”, disse Renata Mielli.
 

A representante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), Sandra Martins, defendeu uma representação mais intensa da diversidade racial do país na programação. “Todas as televisões do Brasil devem retratar a diversidade que existe no país. Temos programas que fazem menção às etnias diferenciadas, mas não são produções feitas por esses atores sociais. É importante que a EBC tenha internalizada e naturalizada a discussão sobre as questões raciais no Brasil”, disse.
 

Álvaro Neiva, representante do grupo Intervozes, cobrou o fim da transmissão de programações religiosas. “A TV Brasil tem três programas religiosos e nós achamos que uma televisão pública tem que representar um estado laico, talvez reproduzindo programas que contemplem a diversidade religiosa, com sincretismo, mas não optar por uma ou outra religião”, afirmou. Segundo ele, a televisão pública também deve investir mais em garantir acessibilidade aos portadores de dificuldades de audição, com o reforço em sistema de closed caption (legendas ocultas) e tradução simultânea na linguagem de Libras (usada por por pessoas com deficiência auditiva).
 

Além de debaterem a TV Brasil, os participantes abordaram a programação das rádios MEC e Nacional. Miro Nunes, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio disse que é importante o resgate da frequência modulada (FM) para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que teve o espaço vendido à iniciativa privada em governos anteriores. “Nós defendemos a volta da Rádio Nacional FM, porque apostamos que isso dará uma grande contribuição aos projeto de emissoras públicas. Além disso, sugerimos que se faça uma programação esportiva voltada para os jovens das categorias de base de diversas modalidades esportivas, como basquete, futebol, vôlei. Desde o fraldinha até o juvenil”, propôs Miro.
 

O superintendente de Rádio da EBC, Orlando Guilhon, avaliou que a possibilidade da Nacional voltar a ter um canal FM depende de disponibilidade do canal e passa por uma decisão de governo. Ele ressaltou que a audiência pública superou as expectativas, ao permitir que os ouvintes pudessem fazer proposições diretamente aos gestores sobre a programação.
 

“Pela primeira vez a rádio pôde expor os traços gerais do trabalho que vem sendo realizado e ouvir da sociedade, das entidades, do cidadão suas críticas e sugestões. Várias dessas propostas são factíveis em curto e médio prazos. Outras vão exigir mais investimento, mas nos próximos meses poderemos realizar várias dessas proposições surgidas nesta audiência pública”, afirmou.

 

 

Veja reportagem da TV Brasil

 

Edição: Aécio Amado