Distribuição de medicamentos para hemofílicos é deficiente no país, avalia federação

16/04/2010 - 19h59

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

 

São Paulo – A Federação Brasileira de Hemofilia está preocupada com a pequena quantidade de medicamentos de combate à hemofilia disponibilizada aos portadores da doença no país. Segundo a entidade, as doses disponíveis são suficientes apenas para que os pacientes sejam tratados depois de apresentarem sangramentos, e não de forma preventiva. O medicamento é fornecido pelo Ministério da Saúde.

“Essa liberação a conta-gotas não é suficiente. A dose que é fornecida permite tratar um único episódio de sangramento. Como esses episódios têm frequência semanal, ou no máximo a cada quinze dias, isso obriga o paciente a sempre voltar ao hospital”, disse a vice-presidente médica da federação, Sylvia Thomas.

Ela defende que o tratamento adequado deveria permitir que o paciente obtivesse o medicamento nos hospitais em maior quantidade, e pudesse armazená-lo em casa para usá-lo preventivamente. “Venezuela e Argentina têm programas em que as crianças com hemofilia recebem tratamento com fator de coagulação duas a três vezes por semana de forma profilática [preventivamente]. Temos de sair do nível de sobrevivência, de não deixar morrer, para o nível de boa qualidade de vida”, afirmou.

O Ministério da Saúde informou, em nota, que fornece medicamentos hemoderivados para todos os 14.500 pacientes cadastrados pelas secretarias estaduais de Saúde. São 11 mil portadores de hemofilia e 3.500 portadores de outras doenças hemorrágicas hereditárias. O Ministério da Saúde investiu no ano passado R$ 300 milhões na compra de hemoderivados.

“Para 2010, o investimento será ainda maior: R$ 350 milhões. O Ministério trabalha com a perspectiva de aumentar ainda mais os investimentos para atender à principal reivindicação dos pacientes, que é a dose domiciliar (profilaxia). Para isso, a Pasta realiza estudo de viabilidade econômica e já constatou que a dose domiciliar impacta em 20% sobre o que é gasto hoje com os medicamentos hemoderivados”, diz a nota.

A hemofilia é uma doença hereditária caracterizada pela dificuldade de coagulação do sangue, o que causa hemorragias abundantes e prolongadas, principalmente dentro das articulações, causando dor intensa.

 

 

 

Edição: Aécio Amado