Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje (25) que a visitará o Irã, em maio, para evitar que a crise provocada pelo desenvolvimento do programa nuclear gere conflitos com algumas potências do Ocidente.
“Vocês já sabem da quantidade de crítica que eu tenho recebido porque tomei a decisão de receber o presidente [Mahmoud] Ahmadinejad. E tomei a decisão de ir lá. Eu vou lá porque não quero que se repita no Irã o erro que se cometeu no Iraque”, disse ao ser homenageado em jantar promovido pela comunidade árabe, em São Paulo.
Na avaliação do presidente, a guerra contra o Iraque foi fruto de uma “mentira” contada pelas “grandes potências” de que o país teria armas de destruição em massa. Lula afirmou que tentará mediar as divergências entre a nação islâmica e os países que discordam do programa nuclear iraniano. “Nós vamos juntar todas essas preocupações [do Brasil e de outros países] para dizer ao presidente Ahmadinejad: nós queremos paz”.
Lula disse ainda que defenderá o direito do Irã enriquecer o urânio para fins pacíficos, mas deixará claro que é contra o uso da tecnologia nuclear para a produção de armas. “Vou lá para dizer ao presidente Ahmadinejad, em Teerã: 'sou contra você querer fazer armas nucleares, mas sou favorável a você enriquecer urânio como o Brasil enriquece para produzir energia elétrica'”.
No seu discurso, o presidente também cobrou uma participação mais ativa da Organização das Nações Unidas (ONU) em favor da paz no Oriente Médio. E ressaltou que o Brasil pode ter um papel importante na mediação de conflitos na região. “A paz no Oriente Médio não depende do estado de espírito do governo americano ou dos governos europeus, é uma necessidade para a humanidade viver em paz”.