Professor recomenda atenção redobrada do mundo com o Haiti

15/01/2010 - 16h23

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Neste momentopós-terremoto, o que se pode esperar é uma atençãorenovada do mundo com o Haiti, em particular das NaçõesUnidas. A avaliaçãoé do coordenador do centro de relaçõesinternacionais do Centro de Pesquisa e Documentação deHistória Contemporânea do Brasil da FundaçãoGetulio Vargas (Cpdoc/FGV), professor Matias Spektor. Em entrevista àAgência Brasil, ele destacou que o problema ésustentar esse esforço a médio e longo prazos.“Em parte, porque ospaíses têm outras prioridades e, em parte, porque oprocesso de desenvolvimento econômico e social no Haiti temsido marcadamente lento”.O professor lembrou quese trata de uma sociedade com problemas profundos, cuja soluçãonão é fácil. Para ele, o Haiti precisa deinvestimentos sustentados por longos períodos para poder serecuperar. "E agora, com essa tragédia, certamente as coisasficarão mais difíceis”.Spektor afirmou que, detodos os países do mundo, os Estados Unidos são o maisimportante para o Haiti, neste momento. Ele esclareceu que o paíscaribenho representa um problema maior para os norte-americanos nãosó por questões de imigração, mas pelainterdependência social A população haitiana quemora nos Estados Unidos é relativamente grande.O professor lembrou queos Estados Unidos têm sido a principal fonte de apoio políticoà operação da Organização dasNações Unidas (ONU) no Haiti.Spektor considerou“factível e importante”a proposta do governo brasileiroaos Estados Unidos de reativar o grupo de países que fizeramdoações ao Haiti no passado, mas enfatizou que épreciso ver a recepção que essa proposta terá ecomo isso pode ser operacionalizado a médio e longo prazos. Oprofessor ressaltou também que esse deve ser um compromissoconcreto e real dos países, que represente “algo a mais”.No momento, Spektordisse que a prioridade são as açõeshumanitárias: encontrar as pessoas que ainda possam estarvivas e socorrer os feridos. Por isso, é importante os paísesmanifestarem apoio, enviando mantimentos e itens de higiene, como oBrasil fez.O segundo passo deveser a reconstrução da infraestrutura que foi destruída.Spektor observou que uma tragédia dessa magnitude tem acapacidade de trazer à mesa um debate elevado sobre a naturezae o escopo da presença da comunidade internacional no Haiti.Para ele, “está na hora de revisar, consertar se fornecessário, os erros cometidos, fazer ajustes importantes naagenda e no modelo de cooperação que tem sidoutilizado”.Nesse sentido, analisouque é um fato positivo o Brasil estar hoje ocupando umacadeira no Conselho de Segurança da ONU, cujas reuniõescomeçaram este mês e vão até o final dopróximo ano.