Multinacionais devem ajudar a reconstruir o Haiti, diz professor

15/01/2010 - 20h48

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As multinacionais quelucraram, nos últimos anos, explorando a mão de obra baratahaitiana devem ajudar na reconstrução da nação arrasada peloterremoto da última terça-feira (12), diz o professor de HistóriaContemporânea da Universidade de São Paulo (USP) Osvaldo Coggiola.Segundo ele, essas empresas precisam ser chamadas agora para dar suaparcela de contribuição no atendimento às necessidades básica dapopulação do Haiti. Coggiola sugere que isso seja feita por meio deum impostos especial a ser pago por essas transnacionais. “Se falourecentemente em um crescimento econômico de 2% do Haiti, em 2009, nomesmo momento em que o resto do mundo estava em uma situação bemdifícil”, lembrou o professor. “Mas esse crescimento foibaseado exclusivamente na operação das multinacionais, criando umaplataforma de exportação no país, baseada nos baixíssimossalários praticados no Haiti, ao arrepio da legislaçãotrabalhista. Em meio a desgraça haitiana, alguém está tendo muitolucro”, afirmou Coggiola à Agência Brasil.Agora, com a situaçãode calamidade no Haiti, o professor defende que essas transnacionaiscontribuam com a população - talvez até por intermédio dacriação de um imposto especial. “As empresas que operaram nosúltimos anos no Haiti, e que obtiveram lucros extraordinários,deveriam ser cobradas para que participem da reconstrução do país.”Coggiola destaca que aprecariedade do país é tão grande que o Haiti não possuí nemcondições de determinar o número de vítimas do terremoto. “Asprimeiras estimativas da quantidade de mortos variam entre 30 mil e100 mil pessoas. Isso não são estimativas. A variação é tãogrande que o país simplesmente não tem as mínimas condições decalcular a quantidade de mortos em um evento dessa natureza”.A falta deinfraestrutura dificulta até a distribuição do apoio humanitárioenviado por outras nações. “O principal problema parece não sera quantidade de dinheiro que se investe, mas a ausência deinfraestrutura para que esse dinheiro seja encaminhado efetivamentepara socorrer a população haitiana.”, aponta o professor.De acordo com Coggiola, essa situação também é fruto do modelo adotado pelaOrganização das Nações Unidas (ONU) na ocupação da ilha. “Aintervenção se limitou ao problema de segurança, o que não era oprincipal. O problema principal é que o país não tem condiçõesbásicas.”Por isso, oespecialista afirma que os trabalhos de reconstrução devem ir alémda construção de prédios. “É preciso criar uma estruturabásica, porque se não o pais seguirá a mercê de fenômenosnaturais que podem exterminar a sua população.”