Defesa Civil diz que não há o que fazer para evitar transbordamento do Rio Atibaia

12/01/2010 - 12h11

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O coordenador da Defesa Civil do município de Atibaia (a 69 quilômetrosda capital paulista), Paulo Catta Preta, informou à Agência Brasil quenão há o que fazer para evitar o transbordamento do Rio Atibaia, casohaja novamente a necessidade de abrir as comportas das represasque alimentam o Sistema Cantareira, o mais importante no abastecimentode água portável à população de São Paulo. Ele explicou que orio recebe as águas de duas represas: Cachoeira, que vem da cidade dePiracaia, e Atibainha, que vem do município de Nazaré Paulista. Ontem(11), a  Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp),responsável pelo Sistema Cantareira, informou que a capacidade dearmazenamento está no limite (97,5%). Se voltarem a ocorrerchuvas de grande intensidade, a empresa poderá ser obrigada a jogar oexcesso de água para o leito dos rios. Diante disso, Atibaia e maisduas cidades - Piracaia e Bom Jesus dos Perdões - são as mais ameaçadasde enchentes.De acordo com Catta Preta, isso já ocorreu e teria sido o motivo para as inundações registradas desde dezembro último.Ele informou que cerca de 600 famílias das áreas ribeirinhas foramafetadas. Dessas, 80 ficaram desalojadas e quatro desabrigadas. Emconsequência, na quinta-feirada semana passada (7), as autoridades municipais procuraram ajuda juntoao governo estadual e conseguiram a liberação de R$ 700 mil para arealização de obras de infraestrutura. Além disso, o municípiosolicitou o repasse de recursos que serviriam para a distribuição da bolsa-aluguel . Também estão sendo criado espaços para abrigar até 150famílias Entre os moradores atingidos pelas enchentes,  segundo ocoordenador da Defesa Civil,  estão tanto proprietários de lotes legaisquanto ocupantes de áreas ilegais, originários de movimentos deinvasões. No caso dos primeiros, uma lei municipal vai isentá-los dopagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da tarifade água e esgoto por um período de três meses.Ele afirmou que aforma como vêm ocorrendo as inundações é um fato inédito.  “É aprimeira vez que enfrentamos essa situação desde 1973, quando foramformadas as barragens; a gente vem monitorando o sistema, mas sabemosque [técnicos da Sabesp] não terãocomo segurar as águas”, disse Catta Preta, acrescentando que a vazão dorio está com 31 metros cúbicos por segundo, dez acima do normal, e só mais dois - entre 23 e24 metros cúbicos - seriam suficientes para o transbordamento.EmBom Jesus dos Perdões, a 80 quilômetros de São Paulo, osmoradores mais atingidos são do condomínio Atibainha, um loteamentoclandestino, conforme relatou o coordenador da Defesa Civil domunicípio, Ornezindo Bueno. Ele contou que o Departamento da DefesaCivil foi criado no ano passado. “Estamos no primeiro mandato e jáenfrentando essa situação meio feroz”.Segundo ele, quase todasas 47 famílias desse condomínio tiveram de buscar abrigo em casa deparentes, amigos ou mesmo “se virar com imóvel alugado”. Dessas, apenasduas permanecem no local, mas para evitar que as residências sejamsaqueadas. Outras 120 famílias que vivem no bairro Marinas tambémcorrem o risco de ter as casas inundadas se o volume de chuvas voltara aumentar sobre a represa de Nazaré Paulista, que desemboca nacidade. A Agência Brasil também procurou as autoridades dacidade de Piracaia, mas não recebeu retorno.