Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dados do Ministério da Saúde revelam aumento no número de procedimentosde medicina não convencional (acupuntura, homeopatia, plantasmedicinais e fitoterapia) no Sistema Único de Saúde (SUS). De 2007 para2008, as consultas de acupuntura, por exemplo, cresceram 122,7% ,passando de 97.240 sessões para 216.616. No caso das práticascorporais, que incluem tai chi chuan e lian gong, o crescimento foi de358% nos últimos três anos, de acordo com o ministério. Acoordenadora da Política Nacional de Práticas Integrativas eComplementares (PNPIC), Carmen De Simoni, aponta três fatores para aexpansão da medicina não convencional dentro da rede pública de saúde:a criação da política, em 2006, que incluiu procedimentos antes nãoexistentes no SUS ou ainda pouco utilizados, a divulgação das práticasvisando acabar com o estigma em relação à medicina não convencional e oincentivo aos profissionais para a adoção desses procedimentos. “Houveestímulo aos profissionais que já estavam no SUS, que são homeopatas eacupunturistas, a colocarem à disposição do sistema esse conhecimento”,disse a coordenadora à Agência Brasil. Além disso, o governofederal aplicou recursos maciços na ampliação da medicina alternativa.Na homeopatia, o investimento saiu de R$ 611,3 mil, em 2000, para R$2,9 milhões, em 2008, incremento de cerca 383%. Em acupuntura, odesembolso teve aumento de aproximadamente 1.420% nesse mesmo período,de R$ 278 mil para R$ 3,9 milhões. Para o presidente daAssociação Brasileira de Acupuntura, que oferece cursos na área, EvaldoMartins, o baixo custo da técnica milenar chinesa, que usa agulhas, e a rápida recuperação do paciente contribuíram para a expansão da prática no SUS. O atendimento é feito, namaior parte dos casos, em postos de saúde e nos Núcleos de Saúde daFamília por médicos especializados ou acupunturistas. Ele critica entretanto o projeto de lei conhecido como Ato Médico - que dispõe sobre as atividades privativas daprofissão - e prevê prejuízos na prestação dos serviços à população se a propostavirar lei. Segundo ele, estima-se que existam 30 mil acupunturistas nopaís, sendo apenas 25% médicos. Alguns profissionais de saúde também divergem sobre o projetosob alegação de que procedimentos, atualmente desempenhados por outrascategorias, se tornarão exclusivos dos médicos. Para a coordenadora Carmen De Simoni, a tendência é de crescimento no número deconsultas e o projeto não será um obstáculo a essa ampliação. “Acredito quetodas as categorias de saúde tenham o que aportar ao cuidado em saúde etambém acredito que a categoria médica é muito relevante, tem muito acontribuir, assim como a fisioterapia, a biologia e a enfermagem e as14 categorias da saúde. Não vamos ter nenhumtipo de redução [na prestação do atendimento alternativo] por aprovaçãode algo tão esperado como a lei de exercício de uma categoria profissional”, afirmou a coordenadora. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados, em outubro passado, e volta ao Senado para votação.