Crea-RJ defende criação de empresa estadual que previna tragédias como a de Angra

04/01/2010 - 19h28

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Prever ondea terra poderá descer, soterrando casas, estradas e pessoas émuito difícil, mas uma ação preventivapermanente ajuda a reduzir as ocorrências e poupar vidas edestruição do patrimônio. Com esse ponto devista, o Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio deJaneiro, Crea-RJ defende há anos a criação de umórgão estadual nos moldes do Geo-Rio municipal.“Ninguém desconhece que o inverno é épocade estiagem e o verão é a estação daschuvas. Na cidade do Rio, nos anos 60, chuvas torrenciais derrubaramum prédio de 12 andares em Laranjeiras e várias casasem outros bairros. Foi tão assustador que o governo criou aempresa de geotécnica para detectar possíveis problemasfuturos e promover as obras de contenção”, disse opresidente do conselho, o engenheiro agrônomo AgostinhoGuerreiro.A falta de uma cultura preventiva para esse tipo detragédia também foi criticada pelo presidente doCrea-RJ. “Infelizmente, o Brasil não tem uma culturapreventiva, todo ano as chuvas se repetem em algum lugar do país,e toda década registramos pelo menos uma tormenta de grandesproporções”, ele diz, ressaltando que o estado do Riose caracteriza por baixadas e regiões serranas agredidas emseu meio ambiente.“Não podemos nem avaliar asagressões de 20 anos atrás, porque a preocupaçãoambientalista era muito diferente. Mas hoje sabemos que 90% da MataAtlântica, por exemplo, já se foram, pela açãopredatória. Essas condições do solo do estadotornam o debate ainda mais sério”, completou.AgostinhoGuerreiro adverte ainda que a região de Angra dos Reis eParaty apresenta um problema adicional, a situaçãofundiária. Quando dirigiu o escritório fluminense doInstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra), em meados dos anos 80, ele promoveu o levantamento dasterras no estado.“Nada menos de 70% dos conflitosfundiários no estado estavam na região de Angra eParaty. Eram disputas por terras devolutas, heranças, posse epropriedade da terra, muitas vezes com enfrentamentos e mortes”,lembra.A questão fundiária começou a serevelar problemática ainda nos anos 70, quando foi aberta aRodovia Rio-Santos, que deu acesso às terras e àspraias da região. A estrada cumpria um objetivo estratégicodo governo militar, o programa nuclear com suas três usinasprojetadas. Mas, com ela, surgiram as verdadeiras batalhas judiciaispela terra onde se ergueram ao longo do tempo as casas de luxo, oscondomínios privados, hotéis e as pousadas como aSankay, soterrada na primeira madrugada do ano.