Visita de Ahmadinejad gera polêmica e Lula prepara discurso em defesa da relação Brasil-Irã

21/10/2009 - 23h36

Renata Giraldi e Lísia Gusmão
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A um mês da visita aoBrasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a viagem, marcadapara o dia 23 de novembro, gera polêmicas e críticas. Nos Estados Unidos, odeputado democrata Eliot Engel pediu uma audiência pública noCongresso Nacional na semana que vem para discutir a influência dolíder iraniano no Hemisfério Ocidental, mais precisamente naAmérica do Sul.Durante a visita, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reiterar que o governobrasileiro é contrário a sanções contra o Irã – decisão quepara o Brasil só pode ser tomada depois de esgotadas todas as etapasde negociações.Publicamente, Lula temafirmado que sua preocupação é com as relações do Estadobrasileiro com o Estado iraniano e não com as tensões que envolvemjudeus e palestinos – questão abordada com frequência nosdiscursos de Ahmadinejad.Paralelamente,embaixadores brasileiros articulam para amenizar as controvérsias edefendem a visita de Ahmadinejad. Temas espinhosos, como energianuclear e a suposta fabricação de bombas no Irã, serãomencionados nas reuniões bilaterais.O argumento de Lulapara receber Ahmadinejad é que o diálogo vai contribuir paraconsolidar a democracia no Irã e para a compreensão de que o paísestá em transformação. Sobre a energia nuclear, Lula vai defendero uso para fins pacíficos.De acordo comdiplomatas brasileiros, o questionamento sobre a existência debombas no Irã será analisado por Lula em tom de dúvida, uma vezque ele deverá ponderar que não é possível tomar como verdadeabsoluta a questão. O presidente vai reiterar que o Irã temdireitos e obrigações a cumprir e que certamente desempenhará bemseu papel.Para Virgílio Arraes,professor de História do Departamento de Relações Internacionaisda Universidade de Brasília (UnB), a visita de Ahmadinejad ao Brasilconsolida o papel diplomático do governo brasileiro. “O Brasil tem umarelação amistosa com todos os países do Oriente Médio e deharmonia e respeito às políticas internas”.Segundo Arraes, o“pragmatismo” é a marca da diplomacia brasileira. Portanto, eleafirma que a visita de Ahmadinejad tem essa característica: defesada compreensão das diferenças em nome da democracia, do diálogo edo equilíbrio.