Roberto Maltchik
Enviado Especial da EBC
Tegucigalpa - O ministro-conselheirode Negócios do Brasil em Honduras, Francisco Catunda, saiu noinício da tarde hoje (26) do prédio da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, apóscinco dias em que ficou sitiado depois que o presidente deposto, Manuel Zelaya, abrigou-se no local.Segundo Catunda, “éum verdadeiro absurdo o que acontece na capital de Honduras”. “Impuseram inúmeras dificuldades para a minha saída coma desculpa de que isso é para garantir a segurança daembaixada e do presidente deposto Manuel Zelaya, mas no fundo nãoé nada disso”, afirmou aos jornalistas que estão a cerca de20 metros do prédio e impedidos de entrar pelosmilitares hondurenhos.O diplomata brasileiroconfirmou que ontem (25) foi lançado dentro embaixada algum tipo desubstância que causou mal-estar e irritação nas pessoas,inclusive, em um funcionário brasileiro. Catunda admitiu que émuito difícil controlar todos os movimentos dos apoiadores deZelaya que ocupam a embaixada neste momento. Ele assegurou, noentanto, que jamais perdeu o controle, porém é inevitávelque o próprio Manuel Zelaya converse pelo telefone comos políticos e integrantes da resistência ao governogolpista.No lugar de Catunda, orepresentante brasileiro na Organização dos EstadosAmericanos (OEA), Lineu Pupo de Paula, entrou na embaixada e seráo responsável pelo prédio e pelos seus ocupantesdurante o fim de semana. Segundo Pupo de Paula, será feito omáximo possível para garantir a tranquilidade no local.Os militareshondurenhos permanecem irredutíveis sobre a entrada dejornalistas brasileiros na embaixada. O comando militar alega que sóautorizaria a movimentação da imprensa do Brasil casohouvesse um pedido formal do Ministério de RelaçõesExteriores. No entanto, por determinação doministro Celso Amorim, não há comunicaçãoem qualquer hipótese com o governo golpista. Centenas demanifestantes estão agora em frente à embaixada pedindoo fim do cerco militar e a restituição de Zelaya aopoder. O presidente interino, Roberto Michelleti, no entanto, já descartouontem (26) em entrevista à imprensa brasileira qualquernegociação que determine o retorno do presidentedeposto ao poder, ou mesmo o fim do cerco à Embaixada doBrasil.