Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil responde hojepela prática de 3,6 milhões de procedimentos demedicina nuclear por ano, disse em entrevistá à AgênciaBrasil, o presidente da Associação Brasileira deEnergia Nuclear (Aben), Guilherme Camargo. Segundo ele, o paísestá entre as nações que mais se utilizam datecnologia nuclear no tratamento de doenças.
“Isso nos colocaentre os países do mundo que fazem um uso mais intenso damedicina nuclear. Eu diria que o Brasil é uma referênciapara os países em desenvolvimento no campo da energianuclear”, afirmou ao falar da Conferência InternacionalNuclear do Atlântico- Inac 2009 (International Nuclear AtlanticConference), que vai reunir a partir de amanhã (27), no Rio deJaneiro, especialistas do mundo inteiro.Opresidente da Aben informou que um dos objetivos do congresso édesmistificar a questão dos rejeitos nucleares como um aspectonegativo da energia nuclear. Camargo destacou que o setor nuclearprioriza a atenção dada à guarda e ao tratamentodos rejeitos, conhecido como lixo nuclear.
“Ao contráriode outras alternativas industriais, e mesmo as alternativasenergéticas, que dispersam os rejeitos no meio ambiente, osetor nuclear guarda os seus rejeitos produzidos. O rejeitoradioativo, como nós brincamos, tem CPF e identidade. E estádisponível para quem quiser ver”, afirmou.
Camargo nãoconsidera isso uma desvantagem, como muitas pessoas podem pensar. “Éuma vantagem”. A questão será objeto de mesa-redonda,programada para o dia 2 de outubro, e que contará com apresença do presidente da Comissão Nacional de EnergiaNuclear (Cnen), Odair Gonçalves.
A Inac 2009 discutirátambém a importância da energia nuclear na reduçãodas emissões de gases causadores do efeito estufa. GuilhermeCamargo explicou que a exemplo de outras indústrias, elaenvolve responsabilidades e riscos industriais, além daquestão radiológica.
Disse que as análisestécnicas sobre o tema mostram que os padrões dequalidade da energia nuclear lideram o ranking das indústriasinternacionais. “Eles, inclusive, são consideradossuperiores aos padrões das indústrias aeronáuticae aeroespacial”. Camargo enfatizou que a preocupaçãocom o meio ambiente e a segurança está na base dosprojetos nucleares.
Ele afirmou que ocongresso não vai se limitar a mostrar que a energia nuclearnão é apenas uma fonte de geraçãonucleoelétrica, “embora esta seja, economicamente, a facetamais importante dessa tecnologia”. Serão apresentadas asaplicações sociais da energia nuclear na medicina, naindústria, na agricultura e, inclusive, na perfuraçãode poços de petróleo.
Os trabalhos da Inac2009 deverão ser abertos segunda-feira (28) pelo ministro daDefesa, Nelson Jobim.