Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A atendente Renata Faustino dos Santos tinha 15 anos quando engravidou. "Tive meu filho aos 16 anos e parei de estudar. Não posso dizer que foi por falta de informação, porque isto eu tinha até "de monte". Foi descuido mesmo", explica. Para conscientizar adolescentes em todo o país e no mundo sobre a gravidez precoce, foi criado há três anos o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, celebrado todo dia 26 de setembro. No Brasil, a campanha Sua Vida, Sua Voz, promovida por diversas organizações não governamentais e sociedades médicas, será realizada em Belo Horizonte, em Curitiba, em Porto Alegre, em Salvador, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, além de palestras educativas nas escolas públicas e particulares, cerca de 50 jovens fizeram na última quinta-feira (24) uma caminhada na Avenida Paulista para distribuir panfletos com orientações sobre o assunto. Segundo o chefe do Departamento de Ginecologia da Infância e da Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Maria Soares, casos como o de Renata são os mais recorrentes: "Eles [os adolescentes] têm informação, só não têm formação. É preciso que os educadores estejam bem formados para falar sobre o assunto na escola e que os pais não transformem o sexo em tabu", defende. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 20% dos partos realizados no país foram feitos em mulheres com idade até 19 anos. "O Ministério da Saúde não tem dados a respeito da segunda gravidez na adolescência, que também tem aumentado. As meninas engravidam de dois a três anos depois", afirmou. A atendente Renata, hoje com 18 anos, está grávida de sete meses do seu segundo filho. "Também não posso falar que foi falta de informação, também foi descuido", admite.Para o médico José Maria Soares, a solução para o problema está em orientar os adolescentes durante todo o ano. "E não apenas as meninas, a gravidez na adolescência também é assunto para os meninos", disse. Segundo ele, todos os adolescentes devem procurar o serviço de saúde para aprender sobre os melhores métodos anticoncepcionais. "O importante é que haja diálogo em casa e que as famílias conscientizem os filhos", afirmou.Quando tinha 17 anos, a estudante de direito Adriana Mazagão engravidou de Thiago, que hoje completa 21 anos. Para que a história não se repita, ela sempre conversa com o seu filho. "Na época eu não tinha informação, hoje ele tem. Mas acredito que o importante é fortalecer o diálogo nas famílias. Eu sempre explico para o meu filho que sexo é bom desde que feito com responsabilidade", completou.