Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A estratégia adotada pelos bancos privados brasileiros, de concentrar o reduzido crédito nas regiões mais ricas do país, e a diminuição do número de bancos no mercado brasileiro têm ampliado os efeitos negativos da crise. A avaliação é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, que participou hoje (7) de uma audiência na comissão especial que discute a crise financeira, na Câmara dos Deputados. “A tendência deles em favorecer o crédito nas regiões Sul e Sudeste nos mostra que a crise afeta de forma diferenciada as regiões do país, fazendo com que as mais pobres acabem perdendo a fatia de participação que tinham no acesso ao crédito” disse Pochmann à Agência Brasil, ao final da reunião. O presidente do Ipea disse que em 1997 o Sudeste concentrava 59% dos créditos. Atualmente este número subiu para 70%. “Já o Nordeste caiu de 13% para 6%, e a Centro-Oeste, de 12% para 8,5%”.Pochmann afirmou que o país tem condições para melhor aplicar, do ponto de vista geográfico, o crédito, “Uma melhor distribuição contribuiria para evitar o agravamento da crise nas regiões de menor capacidade reativa”, avaliou.Outra tendência observada pelo Ipea, a de redução do número de bancos , também foi comentada pelo presidente do órgão, como prejudicial para o combate à crise. Segundo Pochmann, tal redução começou a ficar mais acentuada a partir dos anos 90, quando houve maior abertura do mercado. Se a expectativa, na época, era a de aumentar a concorrência, o tiro acabou saindo pela culatra. “Em 1996 havia 230 bancos no país. O número reduziu para 156 em 2007. Também caiui a proporção de agências em relação à população. Aproximadamente 90% dos ativos bancários estão concentrados nas mãos de apenas 20 instituições”, argumentou. “Portanto, ao mesmo tempo que temos concentração bancária e redução de bancos, temos também uma má distribuição do crédito no Brasil”, afirmou.