Mercado interno ajuda país a passar por inverno econômico, diz economista

12/02/2009 - 4h49

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Emuma tarde de um dia de semana, no shopping de maior movimento em Brasília, aatendente de enfermagem Carmen Silva Andrade, moradora da CidadeOcidental (GO), no entorno do Distrito Federal, procura um novo fogãode seis bocas para substituir o antigo, com 13 anosde uso. A alguns metros dali, em uma loja concorrente, arecepcionista Ana Paula do Nascimento Gaspar, de Taguatinga - cidade do Distrito Federal - examina com a mãe uma TV LCD de 47 polegadas.Também sonha com tecnologia o pizzaiolo João de Deus, morador de SãoSebastião, a 26 quilômetros do Plano Piloto, que lê em um caderno de ofertasas condições de compra de um notebook.Apesar da crise financeira internacional, esses consumidores esperam continuar comprando, comopassaram a fazer nos últimos cinco anos de expansão econômica eascensão social. Carmen, Ana Paula e João de Deus fazem parte da classeeconômica C, que ainda não sentiu a crise eformam o mercado interno, que será fundamental para o país em dias dedesaquecimento global. “O mercado interno é que vai ajudar a passar poreste inverno econômico”, resume Marcelo Néri, economista do Centro dePolíticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV).Os trêsconsumidores fazem parte da chamada “nova classe média” que hoje jáequivale a mais de 50% da população nacional, conforme estimativa daFGV, com base na análise dos microdados da Pesquisa Mensal de Empregodo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Segundo Marcelo Néri, os dados mostram que o Brasil, nosúltimos anos, tomou o “rumo do meio”, isto é: entre pobres e abastados,quem mais cresce é a classe C. Esse movimento tem a ver com o incrementodo poder de compra obtido com a estabilização da moeda, o crescimentoeconômico, as contratações, o aumento real dos salários e a diminuição dadesigualdade.